Virando a mesa do Poder

por Taciana Oliveira___





O documentário Virando a mesa do Poder, (Knock Down The House, Direção de Rachel Lears), revela os bastidores da campanha de Alexandria Ocasio-Cortez, fenômeno político que obteve vitória esmagadora nas primárias do Partido Democrata, no 4º Distrito Congressional de Nova York. Alexandria é descendente de latinos, com formação em relações internacionais, mas trabalhava como garçonete para ajudar a família depois da morte do  seu pai: "Ser garçonete me ajuda nesta corrida porque sei como é trabalhar sob pressão 14 horas por dia."

O filme conta com a participação de outras três candidatas: Paula Jean Swearingen pela Virgínia Ocidental, Cori Bush, pelo Missouri e Amy Vilela, por Nevada. Todas romperam a mola que impulsiona o establishment nas eleições legislativas de 2018. Recusaram a contribuição de empresas nas suas campanhas,  a participação de velhos nomes do Partido Democrata e a atuação da mídia tradicional. Optaram por financiamento coletivo e doações de eleitores. Essas mulheres ousaram levantar pautas como a da gratuidade do ensino superior e da prestação de serviços de saúde, além de sugerir a criação de políticas ambientais de combate à mudanças climáticas e a construção de uma economia justa para os mais pobres.


Alexandria Ocasio-Cortez foi eleita para uma das cadeiras do Congresso, se transformou em sucesso espontâneo nas redes sociais e foi capa da revista Rolling Stone. É importante conhecer o antes e depois de cada candidata. As suas histórias se conectam em trajetórias de perdas e lutas. Cada uma em sua geografia afetiva e no dia a dia da sua realidade social.

O documentário venceu o prêmio da audiência no Festival Sundance. A produção também é cria de uma campanha na plataforma de microfinanciamento Kickstarter. Virando a mesa do Poder resgata em nós a crença que é possível e necessário realizar mudanças. Agora mais do que nunca é urgente perseverar .


_______________________



Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.