por
Taciana Oliveira___
Escrevo ainda
“sofrendo” o impacto de assistir Todas as coisas que brilham. Rapidamente faço uma busca para conhecer detalhes
da produção do filme e encontro uma matéria no The Washington
Times celebrando a estréia da peça em Nova York:
Every
Brilliant Thing no Barrow Street Theatre é talvez uma das peças
mais animadoras e alegres para ver neste inverno, mesmo que se
aprofunde sobre o tema suicídio e você seja solicitado a ler algo
em voz alta.
Explicando:
Todas as coisas que brilham é um documentário dirigido por
Fenton Bailey e Randy Barbato, que capta durante
dois dias, três apresentações, com platéias diferentes, de um
monólogo que tem como tema a depressão e o suicídio. A
dramatização é conduzida genialmente pelo o ator e músico inglês
Jonny Donahoe e pela platéia, que é convidada a atuar
em algumas trechos do espetáculo.
O
texto é baseado no conto de Duncan Macmillan. Donahoe
é o responsável por adaptá-lo para a versão teatral.
O
filme e a peça nascem de uma lista elaborada por um filho para sua
mãe, que sofre de depressão crônica, Uma tentativa de
provar o valor de se viver cada instante da vida. Antes de começar o
espetáculo Donahoe distribui pedaços de papel e orienta o
público a ler alguns dos itens dessa lista, onde podemos encontrar coisas como: posso me vestir como
lutador mexicano, ficar acordado até tarde e poder ver TV, sorvete,
guerra de água, a cor amarela, coisas listradas, montanhas russas,
chocolates, usar capa, ter uma música perfeita, sexo, passar a
noite conversando com alguém, chá com biscoitos...
Confesso
que fiquei um pouco confusa ao determinar o gênero do filme como documentário. Fiz alguns questionamentos que divido com vocês:
A
narrativa teatral é o instrumento principal do filme?
O ato de apresentar os bastidores e a preparação da platéia
configura como um documentário observativo? A inserção
de imagens adicionais para complementar o roteiro é um
artifício de uma narrativa poética documental? Teatro filmado é
teatro?
Independente
de qualquer resposta, Todas as coisas que brilham é um
exercício artístico que bebe da fonte de várias linguagens e
suportes. Fiquem atentos na maravilhosa playlist, na fotografia em
preto e branco e na delicada montagem escolhida para o filme.
Jonny
Donahoe é um ator espetacular. Ele consegue expor um tema tão doloroso de uma maneira educativa e peculiar. Segundo dados da Organização Pan-Americana da
Saúde - OPAS, o suicídio é a segunda principal causa de morte
entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
Todas
as coisas que brilham nos convida a dançar, chorar e viver. O
filme transborda sentimento.Finalizo
o texto partilhando alguns itens da minha lista:
Nadar no mar em dia de sol com chuva (sempre tem um arco-íris no horizonte)
Conversar
bobagens com os amigos
Criar playlists com meu filho
Pudim
Café
Abraço
Ser
solidária
Ouvir
o silêncio
Cheiro
de livro novo
Amar
e mudar a coisas...
* Disponível na HBO GO
* Disponível na HBO GO
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Taciana
Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do
Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e
literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do
abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem