por Taciana Oliveira___
Sim, caros amigos, Rocketman é uma obra grandiosa e maravilhosamente mais completa que Bohemian Rhapsody, filme sobre Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen. Lembrando aos navegantes do Mirada, que o britânico Dexter Fletcher dirigiu as duas produções citadas. Em Bohemian Rhapsody, ele assumiu o filme após desentendimentos na equipe que provocaram o afastamento do diretor americano Bryan Singer. Fletcher não foi creditado, mas finalizou a produção.
Rocketman te faz perguntar como uma equipe consegue trabalhar tão bem em suas áreas de atuação: direção de arte, fotografia, figurinos, elenco e um roteiro extremamente bem conduzido e costurado às canções compostas por Elton John e seu parceiro musical, Bernie Taupin. Não cabe nessa narrativa-musical-biográfica uma ordem cronológica de lançamento dessas composições, mas o que elas podem expressar diante dos fatos ocorridos durante a trajetória do artista. O filme é um caleidoscópio de cores e acontecimentos na história de Reginald Kenneth Dwight (nome de batismo do cantor Elton John) abordando situações determinantes na sua infância problemática, os anos como pianista prodígio na Royal Academy of Music, o encontro artístico com Taupin e o percurso tortuoso da aceitação da sua orientação sexual. O cantor sobreviveu a depressão, ao consumo excessivo de drogas e ao oportunismo doentio da família e do empresário.
O ator Taron Egerton personifica Elton em suas tragédias pessoais, uma vítima de relacionamentos abusivos e da rejeição paterna. Taron é visceral em sua composição, apresentando as diversas camadas de personalidade de um personagem frágil que se transformou em um ícone da música pop. Ele se conecta com maestria as não menos estupendas interpretações dos seus colegas de elenco. Sua performance vocal é emocionante e merece ser ovacionada.
Para quem é fã de Elton John, como eu, Rocketman não deve ser apreciado com moderação, cabe se assistir a exaustão, saboreando os mínimos detalhes, reverenciando uma direção segura, que não se limitou ao óbvio e extrapolou os sentidos no uso de referências da discografia de Elton.
Chorei como criança, e não posso terminar o texto sem citar a melancólica Goodbye Yellow Brick Road, utilizada em momentos distintos do roteiro: na ruptura com o parceiro Bernie Taupin e na decisão de Elton se internar em uma clínica para dependentes químicos. Cabe aqui cantarolar os versos finais da canção:
Oh, I've finally decided my future lies
Beyond the yellow brick road...
Que bom, Sir Elton, que você ainda esta de pé e conquistou um Oscar de melhor canção original no filme que canta a sua vida. A estrada de tijolos amarelos finalmente chegou ao fim.
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Taciana
Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do
Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e
literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do
abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.
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