Tenho pensado no tempo em que saio para pedalar, muitas das vezes com uma mochila nas costas, e dentro dela sempre acompanhada com dois livros, a câmera, e uma blusa extra. Assim o dia começa, o vento batendo a cada esquina, o suor descendo, mas só percebo quando freio em algum lugar e ali fico um tiquim de tempo parado. Os pensamentos já nem existem mais mas elas estão ali, acompanhando o transitar, as ruas, as pessoas, as cores do pôr do sol e a sintonia dessa pequena cidade.
Olhar ao redor quer dizer muito também de se olhar, de estar em casa sentado, agilizando algo ou mesmo só ali, como uma pessoa qualquer, frente de casa em seu banquinho, onde os pensamentos se esvai com o vai e vem de pessoas, com o pôr do sol que começa a da lugar a noite. E tenho pensado nesse processo, de me olhar, olhar ao meu redor, ver meus pais, minhas sobrinhas e sobrinho brincando dentro dum espaço que é essa casa. Olhar pra cá me fez perceber a estrutura, o seu formato, as pequenas partes que pensava que era alinhada, mas se encontram tortas. Entender o ritmo dela, entre o vai e vem de minha mãe que está sempre indo pra cada lugar e espaço dessa casa até o momento em que ela para próximo ao seu quarto, e ali sentada fica, fazendo seu croché, creio que é um dos únicos momentos em que ela consiga aquietar seus pensamentos, onde veremos ela fazendo o que gosta, de unir essas linhas que formam algo que ocupará um espaço ou mesmo cobrirá algo que estará nesses espaços. Meu pai que sai para da uma volta, quando para, esta ali, na rede, balançando, e que esse balançar cria um ritmo sonoro com o chiado do armador da rede, e com o seu som que fica encostado em suas zorelha. As crianças são inquietas e é normal em sua atual idade, a agitação, a vontade de brincar, o desentendimento um com o oto, mas logo depois se unem, e se cuidam, pois são eles por eles tal hora. Falo isso nos momentos em que todos se aprumam num espaço e da play em alguma série de desenho em que gostam e ali ficam.
Onde em tempo de pandemia temos que se adaptar, em como trabalhar, e as crianças em como ver seus desenhos e fazer seus deveres, a vida segue, olhamos pra si, para esse espaço em que estamos. E que muitas das vezes só sentimos quando somos colocados neste espaço por um único determinado tempo em que podemos observar, como se fossemos a cozinha enchemos um copo de café, chegamos na porta e ali encostado, ficamos observando enquanto tomamos esse café.
Onde em tempo de pandemia temos que se adaptar, em como trabalhar, e as crianças em como ver seus desenhos e fazer seus deveres, a vida segue, olhamos pra si, para esse espaço em que estamos. E que muitas das vezes só sentimos quando somos colocados neste espaço por um único determinado tempo em que podemos observar, como se fossemos a cozinha enchemos um copo de café, chegamos na porta e ali encostado, ficamos observando enquanto tomamos esse café.
A Rotina Familiar é um filme, é um curta, é uma crônica que traz uma movimentação de tempo e espaço dessa casa, claro que ela nem sempre é assim, pois muitas das vezes todos estão em suas correrias, e foi necessário um certo momento de olharmos, vemos ao redor e percebemos essa sintonia, essa pequena correria que querendo ou não, está carregada de afeto. O nome, Rotina Familiar fala tanto de algo diário, mas fala de algo que pode ser parecido ou igual para com os otos, mas que traz lembranças de algo da vida, de momentos ou de alguma saudade que eu sei que sentimos. Familiar.
O filme está por aí, juntamente em parceria com Emilly Guilherme. Temos conversado desde o início da ideia até agora. Estamos vendo A Rotina Familiar no mundo, onde agora é o seu lugar.
Ficha Técnica:
Consultoria: Emilly Guilherme
Produção: Emilly Guilherme e Leo Silva
Ideia/Concepção/Roteiro/Câmera/Edição: Leo Silva
Família/Ordem de aparição: Mãe, Pai, Sobrinhas, Sobrinho
Apoio Cultural l Festival de Cultura Dendicasa da Secretária de Cultura do Estado do Ceará.
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Leo
Silva é escritor,
fotógrafo e videomaker. Começou a atuar na fotografia em 2015 na
primeira exposição individual "Simples Cidade –
Simplicidade", onde
fotografa boa parte das comunidades que compõe o Grande Jangurussu.
Em 2019 lançou um livro com o poeta Talles Azigon, SARAL
#2, participando com suas
fotografias. Abriu a segunda exposição individual
"Meninos de Deus", que
tem como tema um grupo de esporte da sua comunidade. Participou da
Exposição Colaborativa BUDEGAS. Trabalha
com produção audiovisual, é um dos coladores e escreve na revista
comunitária "Uma Filomena". É
voluntário na Biblioteca Comunitária do Santa Filomena —
Biblioteca da Filó e um dos idealizadores da ExpoFoto
#quarentena, uma exposição
fotográfica online.