por Divulgação__
Lançamento da 2ª edição da Expofoto #quarentena
O projeto foi selecionado no Festival Cultura Dendicasa e propõe uma exposição fotográfica virtual acompanhada de um catálogo, com a temática: “Olhar que vem de dentro: relações em tempo de isolamento social”
O Coletivo Perigrafia, grupo formado por fotógrafas e fotógrafos residentes nas periferias de Fortaleza, lança na próxima quarta-feira, dia 29 de julho, a 2ª edição da Expofoto #quarentena. A convocatória, que teve início no dia 21 de maio, estava aberta para fotógrafas/os e não fotógrafas/os moradores nas periferias urbanas e dos interiores de todo Brasil e selecionou 27 pessoas, residentes no Ceará e em outros estados.
As fotografias compõem uma publicação em catálogo, lançada na plataforma do Festival Cultura Dendicasa, promovida pela Secretaria de Cultura do Estado. As imagens selecionadas foram produzidas durante o período de isolamento social e tiveram como temática as subjetividades, experiências e relações da autora ou do autor das fotografias nestes meses de quarentena.
As responsáveis pela a curadoria da 2ª Edição foram as fotógrafas Joyce S.Vidal, Karine Araújo e Lucianna Silveira, que compõem o Coletivo Perigrafia.
Eliene Moreira, estudante de fotografia e uma das selecionadas da exposição, queria mostrar como se sentia no momento das fotos, para ela, era importante colocar seu trabalho à prova, mesmo que considerando-o amador. “A fotografia pra mim é uma forma de terapia e veio pra minha vida como meio de lidar com traumas e fraquezas, tenho nela um meio de expressão de sentimentos, das coisas que não consigo falar em palavras então tento expressar através da imagem, mesmo sendo uma iniciante e ainda me sentindo tão insegura”, relata Eliene.
Fotografia: Tamara Lopes |
A segunda edição da ExpoFoto reuniu pessoas que se consideram fotógrafas/os ou não, assim abrangendo cada vez mais a perspectiva de vivências com imagens. A convocatória foi destinada à pessoas que moram na periferia e que encontram-se em quarentena, como a fotógrafa e professora Tamara Lopes, que se articulou e pensou um outro meio de produzir fotografia durante o isolamento. A fotógrafa organizou diversas conversas aos domingo com mulheres que trabalham com fotografia. Para Tamara, que também foi selecionada, durante o isolamento social, surgiram novas formas de “estar perto”, as videochamadas foram uma delas, o grupo da família nunca esteve tão movimentado quanto agora. Para ela, sua foto demonstra seu relacionamento com a periferia e com o local onde mora, “minhas cores são quase uma extensão das casas ao redor da minha. Estar na quarentena, em isolamento social, proporciona descobrir mais de si e se escutar através dos silêncios”, reflete.
Diferente da primeira edição, a segunda trouxe três mulheres da periferia de Fortaleza na curadoria. Para o coletivo Perigrafia, a ExpoFoto é um dos meios de “meter as caras”, uma experiência para novas possibilidades de aprendizados. Na curadoria está a fotógrafa Joyce Sousa Vidal, moradora do Carlito Pamplona e integrante do Coletivo. Pela primeira vez em um processo curatorial, ela lembra o sentimento durante a seleção, “alguns registros me trouxeram lembranças que me fizeram cair lágrimas, outros retratos me fizeram sorrir [...] para mim, ser alguém que está a frente de uma curadoria, seja só ou em equipe, que foi estecaso, é realizar a leitura da fotografia tendo os cuidados para não se apegar àquela/as imagens, é também um trabalho de desapego”, complementa.
Joyce também ressalta as diferentes situações que as fotografias e, consequentemente, a autoria expõe, “as imagens falam sobre realidades vividas nas periferias, de pessoas que trabalham durante todo o período de isolamento, que conseguem também tomar as medidas e se manterem isoladas dentro de suas casas ou que vão em busca de respiro para amenizarem suas crises sem se envolver em aglomerações, e por aí, são muitas as histórias contadas através das fotografias que foram enviadas e selecionadas”, finaliza a fotógrafa.
A curadoria é o momento de selecionar e “ler” a obra, no caso da exposição fotográfica, esse processo é onde é realizada a escolha das imagens, montagem, além de buscar entender as propostas lançadas e pensar uma futura exposição e/ou catálogo.
Mesmo com a definição de curadoria do dicionário, a experiência e responsabilidade de escolha e as sensações sentidas dependem muito e podem ter uma diferença para cada curadora/curador, “num sei se tenho resposta para definição de curadoria. Acho que Curadoria é tipo um Poder - de selecionar quem entra, porque entra, quem tem acesso, quem tem exposição, quem tem quadro na parede, quem tem nome no livro, etc. Atentar para as imagens de outres artistas é um caminho cheio de questionamentos e decisões. Vai além de apenas admirar ou achar uma imagem/projeto bonita. Qual a sua prioridade? Quem é a sua prioridade?”, defende Karine Araújo, fotógrafa integrante do Coletivo Perigrafia e uma das responsáveis pela curadoria.
Para Karine, essa escolha do trabalho do outro, proposta pela curadoria, lhe deu firmeza, “posso dizer que foi um processo que me tirou de uma zona e me colocou em outras para poder me debruçar tanto com o meu olhar como com todos os outros sentidos diante das imagens que acessei. Foi um processo que também me deu firmeza, porque precisei dessa característica para firmar e afirmar o poder da curadoria nas mãos de uma mulher negra moradora de periferia.”
Para entender a convocatória:
A segunda edição da Expofoto #quarentena, assim como a 1ª, surge durante o período de isolamento social, em meio a pandemia da Covid-19. Na primeira edição, o Coletivo propôs imagens sem temática definida, tendo como critério o colorido. O catálogo da exposição está disponível nas redes sociais do Coletivo Perigrafia. A 2ª edição da convocatória, foi um dos projetos contemplados pelo edital Cultura Dendicasa, de incentivo à arte e cultura, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado. Na presente convocatória, a proposta é pensar as relações afetivas, sociais e cotidianas durante esse período de isolamento, refletindo em nossas subjetividades.
O que é o Coletivo?
Em 2018, através da união de algumas/alguns fotógrafas/os e artistas visuais moradoras e moradores das periferias de Fortaleza, organizadas/os em coletivos ou não, formaram o Coletivo Perigrafia, com olhares voltados à fotografia e também a outras linguagens em meio a arte, com o intuito de juntar as experiências de cada uma/um e criar projetos para ocupar os diversos espaços da cidade. Essas/esses fotógrafas e fotógrafos trazem muito do seu lugar das suas vivências, propondo um olhar diferente do que os veículos de comunicação tradicional mostra sobre os locais onde se encontram essas/esses artistas.
O primeiro lançamento, que aconteceu na plataforma Dendicasa, em formato de vídeo/catálogo, pode ser acessado por meio do link https://culturadendicasa.secult.ce.gov.br/. O lançamento oficial da exposição acontecerá nas redes sociais do coletivo e pode ser acompanhado pelo Instagram (https://www.instagram.com/coletivoperigrafia/) ou pelo Facebook (https://www.facebook.com/coletivoperigrafia) do coletivo.