por Taciana Oliveira__
Na última sexta-feira, 11 de setembro, o duo Sargaço Nightclub lançou o seu primeiro álbum. São dez faixas onde se habitam nuances de um sotaque nordestino com pitadas de psicodelia entrelaçadas em acordes, harmonias e melodias, que abraçam espontaneamente o universo da música indie e a poética agridoce do folk rock. Conversei com o vocalista e guitarrista Marcelo Rêgo, um pouco antes do lançamento e no sábado pela manhã. Nessa nossa conversa virtual, ele tece alguns comentários sobre os bastidores da produção e o porquê da escolha do nome de batismo do disco:
O álbum se chama Istmo. É uma referência ao istmo do Recife que começa lá em Olinda... Uma faixa de areia que acompanha o Rio Beberibe até se encontrar com o Capibaribe e vem terminar no bairro do Recife, em uma antiga vila de pescadores. O istmo é um acidente geográfico que a gente enxerga como um caminho que temos a percorrer, dividindo águas em nossa carreira. O objetivo, a pretensão nossa é que represente um caminho para voos mais altos que a gente possa alcançar.
Marcelo desenhou uma linha cronológica e nos revela que a ideia de concepção do álbum se inicia em janeiro de 2019, durante as gravações da faixa “Hibakusha”, uma canção que traz no seu belo arranjo de cordas uma influência explícita da música oriental combinada a elementos percussivos e a uma ambiência new age. É a partir então dessa gravação que o Sargaço começa a pensar na produção de novas faixas para compor o seu primeiro LP:
Até então a gente só havia lançado Eps, videoclipes ou singles isolados. Mas é tão legal quando um clipe está ligado a um álbum e faz referência a um trabalho mais extenso. E aí o processo de todos esses anos é parte de um amadurecimento nosso. Pensamos: vamos transformar tudo isso em um álbum!
Em tempos de coronavírus, lockdown e das inúmeras transformações comportamentais nas nossas rotinas familiares e profissionais, o vocalista sinaliza algumas mudanças sofridas na finalização do projeto:
Das nove participações especiais, cinco nos levamos para estúdio. E as outras quatro fizeram suas contribuições e nos enviaram. Mas também teve muita conversa por telefone. Isso foi bem antes da pandemia. Com a pandemia, por incrível que pareça, a gente deu um salto de divulgação remotamente. Participamos de vários programas de Tvs e depois vieram as webs rádios. E aí a gente conseguiu adiantar o processo de gravação até março deste ano. Paramos e retomamos em maio e concluímos remotamente com muita dificuldade. Foi a parte mais difícil do disco: a conclusão feita a distância. Foi desgastante. A gente era acostumado ao ambiente de estúdio. Mas enfim, nasceu.
Abaixo a tracklist e o clipe da canção O mundo sem nós (as gravações aconteceram antes da pandemia). O álbum está disponível nas plataformas do YouTube e Spotify. Dá o play e deixa a música rolar sem descanso.
Tracklist
1 - Vem pra Rua (Música e Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarras, violões, baixo
Sofia França: backing vocals
Arthur Azoubel: bateria
Filipe Fontes: pandeirola
Fernando Arroyo (part. especial): gaita
2 - Hibakusha (Música: Carlos H / Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarra, violão, baixo
Sofia França: backing vocals
Carlos H: guitarra
Filipe Fontes: percussão
Dom Santana: violino
Valquíria Janie: violoncelo
Rogério Lins (part. especial): synth
3 - Nunca Mais - Versão Plugada (Música e Letra: Sofia França)
Sofia França: voz
Marcelo Rêgo: backing vocals, guitarra, baixo
AD Luna: bateria
Ingno Silva: synth
Marlon Silva (part. especial): voz
Fernando Alakejá (part. especial): guitarra
4 - Além do Bem e do Mal (Música: Sam Silva / Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarra, violão, baixo
Arthur Azoubel: bateria
Sam Silva (part. especial): voz e violão na introdução
George Dupreux (part. especial): sax
5 - Distante (Música: Theo Araújo / Letra: Fábio Cordeiro)
Sofia França: voz
Marcelo Rêgo: backing vocals, guitarra, violão, baixo
Arthur Azoubel: bateria
Ingno Silva: synth
D Mingus (part. especial): synth
6 - Vida em Abstrato (Música e Letra: Sofia França)
Sofia França: voz
Marcelo Rêgo: guitarra, violão, baixo
Arthur Azoubel: synth, bateria
Blera Alves (part. especial): voz
7 - Rua da Saudade (Música e Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarra, violão, baixo
Sofia França: backing vocals
AD Luna: bateria
Jonatas Onofre (part. especial): piano
8 - Aquarius (Música e Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarra
Sofia França: backing vocals, guitarra
AD Luna: bateria
Alexandre Xaréu: baixo
Ingno Silva: synth
9 - Jeitinho Brasileiro (Música e Letra: Marcelo Rêgo)
Sofia França: voz, guitarra
Marcelo Rêgo: backing vocals, guitarra
AD Luna: bateria
Alexandre Xaréu: baixo
Ingno Silva: synth
10 - O Mundo sem Nós (Música e Letra: Marcelo Rêgo)
Marcelo Rêgo: voz, guitarra
Sofia França: backing vocals, guitarra
AD Luna: bateria
Alexandre Xaréu: baixo
Ingno Silva: synth
Sargaço Nigthclub é um duo autoral recifense formado em 2016 por Marcelo Rêgo e Sofia França. Suas principais referências são o dreampop, post-punk revival e folk, além do Rock Brasil e da MPB, em especial os movimentos musicais “O Pessoal do Ceará” e a “Psicodelia Pernambucana”. A cidade do Recife serve de pano de fundo para as canções da banda, que tratam desde o amor até a crítica social e política.
Taciana Oliveira é mãe de JP, comunicóloga, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.