Campanella e a Cidade do Sol | Valdocir Trevisan

 

por Valdocir Trevisan__





Quem não sonha em viver numa cidade com condições igualitárias?

Uma sociedade mais justa, fraterna, humana. Talvez imperialistas e capitalistas agressivos. Não pretendo priorizar o capital nesse texto (embora sempre relevante), falo em utopia. Como a ilha de Thomas More, lugares com reais oportunidades e de um mundo mais civilizado em todos os aspectos.

Uma cidade ideal, quem sabe...utopia? Penso que sim, cidades onde a desordem supere a ordem, mas não aquele desordem no sentido de "bagunça". Uma desordem, diríamos, com compromisso.

Não me refiro ao comunismo, aliás, acho graça quando falam do perigo do comunismo. No Brasil? Nem na Europa. E o perigo imperialista na África no século XIX? Assassinatos em massa.

E quando escrevo sobre Marx, Webber, etc, é para debater conceitos básicos onde "possam florescer uma revolução da exploração das classes trabalhistas".

Onde poderíamos, por mínimas condições que sejam, sonhar com possibilidades de cidades "justas por justiça", ensolaradas no clima e no espírito.

Não quero ver ninguém deixando de ganhar seu dinheirinho, nada disso (quem não gosta né?), mas discutir os lados negativos de um liberalismo exacerbado. Porém, as teorias marxistas alertam que nunca veremos as cidades ensolaradas.

Cidade do Sol? Só se for devido às praias. E apesar de meu eterno otimismo, quase que não acredito mais na Cidade do Sol de Tommaso Campanella. Eu disse, quase, pois a esperança é a última que morre, e ainda assim não sei se ter esperanças significa um real otimismo. Como já escrevi no texto "Não quero ter esperanca" (vejam no blog). Ainda sobre Marx, qualquer pessoa que já leu suas obras, sabe que elas revelavam as máquinas capitalistas que aniquilaram culturas mais humanas. A ganância do capital. E um livro como de Tommaso Campanelli serve à reflexões como um hino de liberdade.

Confesso que não conhecia Campanella, um frade católico, revolucionário, condenado e preso várias vezes no século XVI, um filósofo do período pós-renascentista. Ele criticou a política da época, "criando" uma cidade onde todos teriam seus direitos respeitados. Seu livŕo narra um diálogo entre um marinheiro genovês e um curioso cavaleiro.

O marinheiro diz que conheceu uma cidade, onde seus moradores formavam uma comunidade regida por uma organização democrática, com bases socialistas.

Uma cidade dos sonhos. Mas o curioso questiona, pois se os habitantes não prestam benefícios uns aos outros, como haveria amizade?

Campanella alega que justamente por isso, pelo contrário, porque é emocionante ver como se comportam, pois se não podem dar nada, pois recebem o comum dos magistrados, então todos têm o que precisamm, garantindo as amizades.

Interessante, mesmo que alguém discorde.

Há fatores polêmicos como a virgindade de ambos os sexos até aos 19 anos (tóin...) mas todos vivem na média até 160 anos, então dá tempo para recuperar...

É a Cidade do Sol. Onde se pratica uma religião que privilegia a verdadeira paz interior. Justamente o que religiões deveriam ter como essência.

Thomas More seguia essas preferências em sua Utopia, e quando uma livraria de Balneário Camboriú investe numa loja sem atendentes, acreditando nos homens, nem tudo está perdido.

Qualquer livro custa R$10,00, você escolhe e paga com cartão ou numa caixinha em dinheiro. Simples assim, na "confiança".

Confiança no bem e levando fé na realização plena do ser humano...eis, a Cidade do Sol...




Valdocir Trevisan
é gaúcho, gremista e jornalista. Escreve no blog Violências Culturais. Para acessar: clica aqui