por Valdocir Trevisan__
Não acredito em reencarnação, mas se ela existe, acho que andei pisando pelas ruas do passado e visitei a Idade Média. Adoro esse período histórico e tenho dezenas de livros e filmes dessa época fantástica, ao contrário daqueles que chamam essa fase da Idade das Trevas. Mas não esqueçamos que nossas teorias pessoais e empíricas, podem e devem mudar esporadicamente.
Foram anos de grandes banquetes e festas que duravam dias.
Acompanho séries históricas e filmes em todos canais abertos e fechados. Apareceu um castelo, tô dentro. Castelos com seus fossos, torres, entradas elevadiças e seus enormes salões. “Pilares da Terra” foi uma das primeiras (Ken Follett) com magistral atuação de Donald Sutherland, e posteriormente, vieram os Vikings, Cursed, Templários e várias outras. As últimas que vi foram "Lá Révolution" e "Bárbaros". Sou suspeito, mas ambas valem a pena.
E tanto faz se é um filme baseado em fatos reais ou pura fantasia, assisto o que aparece. Fico imaginando viagens a cavalo, dormindo em acampamentos ao redor de uma fogueira ou tomando vinhos nas poéticas tabernas. Usar aquelas túnicas presas em cintos com um compartimento para a cerveja, claro né. A alquimia era moda e se o sexo era pecado, se criava um jeito, ora, o Uhtred já está na quarta (ou quinta) esposa e estou no décimo livro, portanto, tem mais…
Estou lendo a coleção "Crônicas Saxônicas" de Bernard Cornwell (São 12 livros, estou no décimo) e que virou série na Netflix. Já teve quatro temporadas, sendo que a quinta está programada para o próximo ano. A série "O Último Reino" narra o nascimento da Inglaterra e estão lá, o Rei Alfredo e suas batalhas contra os Vikings, além das aventuras do nosso herói Utred (Alexander Dreymond), um bonitão arrasando corações, não é Elizabeth Magalhães?
Nossos gloriosos mitos e heróis, mas sabem como é né...ainda prefiro a Lagertha.
E a nós, simples mortais, ou melhor, fãs, resta morrer de inveja dos feitos grandiosos dessas pessoas iluminadas.
Fico imaginando eu combatendo esses lendários. Queria ver eles encarando um Gaúcho de Bagé ou Alegrete ou ainda um de Santa Maria, que fica perto de Santiago do Boqueirão, onde quem não é bandido é ladrão (cresci ouvindo essa expressão).
Falando sério, adoro a Idade Medieval e as aventuras daqueles loucos guerreiros. E mesmo quando Roma entrou em declínio, foram anos e décadas de uma esplêndida fase cultural.
Mas vou recorrer ao livro "História Medieval" do professor Marcelo Cândido da Silva, Doutor em História Medieval pela Université Lumière Lyon 2, para dar ênfase as características predominantes da época. Eu lutaria pela liberdade e contra o poder nefasto da igreja medieval. Uma igreja que impediu o florescimento das Artes, tendo como conseqüências crimes, loucuras, assassinatos e infelicidades. Basta ver os absurdos dela onde era possível "comprar" passagens para o Céu. Ainda assim, convém lembrar que o modernismo começava a se insinuar, pois já despontavam origens capitalistas "do Estado moderno e das identidades nacionais e regionais", acrescenta o professor Marcelo.
Também admiro as gravuras dos livros didáticos. São gravuras lindíssimas, rica em detalhes, uma viagem para nossos olhos. Tem ainda os quadros retratando o cotidiano, campos, castelos, Reis e Rainhas e as sangrentas batalhas.
Um espetáculo de cores e detalhes. Como não havia máquinas fotográficas ou nossos modernos celulares, as lindas gravuras mostram as coloridas paisagens, os lordes, camponeses, etc. As revistas Mundo Estranho, Aventuras da História e Superinteressante talvez sejam as melhores em termos de gravuras. E desenhos. Como os desenhos das batalhas dos opressores, onde eu lutaria contra as Cruzadas e seria um fiel bárbaro.
Aliás, desenhos do lado dos guerreiros que defendiam suas terras e a liberdade. Não o desenho imaginado pelo nazista Paulus, na segunda Guerra Mundial, 1500 anos depois, que Paul Dowswell descreve no seu livo "O Órfao de Hitler", quando os alemães estavam quase conquistando Stalingrado: "todos achávamos que íamos vencer, o general Paulus, ele chegou a fazer desenhos para a medalha da campanha vitoriosa...tínhamos tomado quase toda a cidade. Mas eles se agarraram com as unhas e vão resistir até nos expulsarem de suas terras".
Guerras por terras, regiões e cidades. Cidades poderosas medievais como Barcelona, Paris, Florença, etc. Valença tinha 60 mil habitantes e Florença mais de 100 mil. Havia, portanto, grandes centros urbanos onde diversão não faltava.
Sem dúvida nenhuma, foi uma época mágica. Ah, ia esquecendo do Robin Hood...Como seria bom se ele passasse por Brasília...
Valdocir Trevisan é gaúcho, gremista e jornalista. Escreve no blog Violências Culturais. Para acessar: clica aqui