por Valdocir Trevisan__
Nomes esquecidos. Todos já
ouviram falar do treinador de futebol Zagallo, mas poucos conhecem João
Saldanha. Saldanha foi o treinador que preparou a melhor seleção Brasileira de
todos os tempos, a Tri Campeã no México em 1970. Alguns dias antes da Copa ele
foi substituído por Zagallo por "n" fatores (nem vou entrar no
mérito).
A questão é que Zagallo pegou o time
prontinho, foi campeão e se consagrou. Quando Zagallo "fez" o time
perdemos em 1974 pra Holanda e em 1994 foi aquele fiasco na final, quando
perdemos de 3x0 para a França. Mas até hoje Zagallo é considerado herói e João
Saldanha foi para a rua dos esquecidos.
Muitos nunca ouviram de cantores como Nei
Lisboa ou Walter Franco (não confundir com Moacir Franco), mas qualquer um sabe
quem é Anitta. E assim vamos caminhando e cantando e seguindo a canção.
Os "nomes esquecidos" me fazem
lembrar da micro-história, aquela que lembra os esquecidos e marginalizados, a
história do soldado, e não a do General.
Assim é com escritores, cantores, filósofos e
trabalhadores em geral.
Na filosofia por exemplo, todos já leram ou ouviram comentários sobre Sócrates, Platão ou Nietzsche, mas vocês conhecem Lá Bruyere? Eu não.
Recentemente conheci suas obras e pretendo escrever sobre elas nós próximos textos. O desconhecido, pelo menos para mim, é fantástico com teses "esclarecedoras".
Assim chego no nome de Humboldt. O pai da
ecologia.
Alexander Von Hauboldt nasceu em 1769 e foi o
grande inspirador de Charles Darwin, é, aquele mesmo que vocês conhecem, autor da "Origem das Espécies".
E o próprio Darwin tem Humboldt como ídolo.
Porém, o famoso é mesmo Darwin, mas o curioso
é que Humboldt ainda tem seu "público", porém, insignificativo diante
da fama de Charles Darwin.
Dez anos após sua morte, uma multidão de quase
cem mil pessoas homenageou ele em Berlim, sua cidade natal. Mas isso em 1869 e
atualmente é um exemplo típico de "nomes desconhecidos".
Foi até visionário, pois já previa há mais de
200 anos o aquecimento global.
Ele publicou dezenas de obras e suas
experiências na América do Sul serviriam de base para o famoso Darwin e suas
"espécies". Em 1799, Humboldt chega na América e revela à Europa, um
mundo novo nos trópicos. Percebeu, por exemplo, que "palmeiras chamadas de
Buritis são uma espécie-chave para o ecossistema: os frutos comestíveis atraem
pássaros, a terra úmida nos troncos protege insetos e minhocas da aridez. Se
elas fossem cortadas, tudo entraria em colapso" (Superinteressante de
Dezembro/2020).
Simon Bolívar chegou a dizer
que Humboldt foi o verdadeiro desbravador da América do Sul com suas
descobertas nos cincos anos em que atravessou as selvas da Venezuela (1700
milhas do rio Orinoco), criando mapas com linhas de temperaturas que chamou de
"curvas isométricas".
Mais tarde, essas linhas
virariam padrões na vida e tipos de vida, como verdadeiras conexões da
natureza.
Uma das grandes descobertas desse genial geólogo foram árvores com quinino, que curavam malárias.
Incrível não é mesmo? E tão menosprezado na história, um nome muito, mas muito esquecido.
O pai da ecologia merecia um reconhecimento em nossa literatura e sair, definitivamente, da lista dos nomes desconhecidos...
Valdocir Trevisan é gaúcho, gremista e jornalista. Escreve no blog Violências Culturais. Para acessar: clica aqui