por Taciana Oliveira__
Há um ano
nascia Laudelinas, uma publicação desenvolvida para o fomento das vozes
femininas na sua multiplicidade de atuação artística e social. Nesta edição
contemplamos mais uma vez a produção de artigos, poemas, resenhas, contos, crônicas,
ilustrações e ensaios fotográficos elaborados por mulheres cis e trans de todas
as regiões do Brasil.
Há um ano
enfrentamos bem mais que a letalidade de um vírus e as consequências econômicas
do isolamento social: somos uma nação destituída do bom senso e de empatia,
governada por milicianos, abandonada pela omissão e cumplicidade partidária de
algumas instituições. Assistimos ataques às minorias, a exclusão e o
esfacelamento de políticas sociais e ambientais. Apesar da atitude negacionista
de muitos, sobrevivemos ao desempenho vil de um governo genocida que regozija
diante do caos. Se a democracia se evapora em convicções narcisistas e
pentecostais, nós seguimos aos trancos e barrancos, defendendo nossa existência
e as inúmeras tentativas de silenciamento e exclusão:
Sim, eu
trago o fogo,
o outro,
não
aquele que te apraz.
Ele
queima sim,
é chama
voraz
que
derrete o bivo de teu pincel
incendiando
até ás cinzas
O
desejo-desenho que fazes de mim.
Sim, eu
trago o fogo,
o outro,
aquele
que me faz,
e que
molda a dura pena
de minha
escrita.
é este o
fogo,
o meu, o
que me arde
e cunha a
minha face
na letra
desenho
do
auto-retrato meu.
Do fogo
que em mim arde, Conceição Evaristo
Este é o
nosso território, nosso corpo, a caixa de memórias, o encontro da palavra e da
imagem na construção de identidades políticas e de resistência. Em tempos de
“achismos”, intolerância, terra plana e pandemia, viver exige coragem e afeto.
Amar é revolucionário e a criação artística um ato necessário para vislumbrar a
esperança.
Avante,
queridas!
Recife,
08 de março de 2021
Taciana
Oliveira
Para download: clica aqui
Taciana
Oliveira é mãe de JP, comunicóloga, cineasta, torcedora do Sport Club
do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura.
Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser
ouvir: Ter bondade é ter coragem.