por Kah Dantas___
No
momento em que escrevo este prefácio, faz frio e o vento uiva com intensidade
lá fora. Sempre me impressionam, essas manifestações da natureza, com seus
sons, suas danças e sua grandeza a fazer sombras sobre a nossa pequenez. Mas
não é sobre isso, claro, que desejo falar, e sim sobre como esses mesmos uivos
tão bem acompanham esta afirmação que, antes deles, eu já pretendia fazer sobre
a escrita de Vitória: a poesia dessa menina-loba, dessa menina-mulher, é também
essa força da natureza que não apenas impressiona, mas arrebata. E este que, eu
sei, será só o primeiro de muitos livros, traz já o gosto da sua exuberância
poética. E de cujo vigor eu também sei que, assim como eu, vocês hão de gostar.
Pois
o negócio é este, que desejo e afirmo com o peito quente e pronto para receber
e afugentar o vento gélido, como parte do meu lugar nesta matilha alimentada e
guiada pela poesia de Vitória: que as palavras dessa jovem escritora inchem e
se multipliquem, feito grito que rasga a noite e ecoa, feito a boa semente
entornada pelas mãos de uma mulher, nos corações afortunados de quem se achegar
a esta sua obra de estreia. E da qual já tenho este como meu poema favorito:
III
gozei
choveu lá fora
ser mulher é invocar fenômenos
E
assim o é (suspiro). Pois aqui concluo este breve convite ao mergulho nessa
natureza selvagem e feminina, para que não seja mais que um instante o que te
separa dessa grande ode aos fenômenos mais belos do que é tornar-se mulher. Vitória é uma poeta que desbrava universos inteiros
e, felizmente, leva-nos consigo sobre o lombo dos seus poemas.
Kah
Dantas
Jundiaí,
maio de 2020.
*Prefácio
da obra
Pré-venda/Financiamento
Coletivo: clica aqui
Kah Dantas é cearense, professora de inglês, mestre em literatura e autora de “Boca de Cachorro Louco” e “Orgasmo Santo”.