ESQUIZOCAPITAL, poema de Daniel Glaydson Ribeiro

 

por Daniel Glaydson___


Foto: Araquém Alcântara


 

Era uma vez minha terra

tinha palmeira e palmares

hoje tudo queima

e a Flor-

esta

cinza pelos ares:

 

cinza que cobre estrelas

fumaça enforca dores

ouro-lama afoga gente

num rio tóxico

Rio Doce

 

os quilombos e as aldeias

que diziam “demarcadas”

são o intermitente cenário

de guerra das bandeiradas

 

minha terra, mina

nem sei mais se é terra ou veneno

e tudo continua sendo

para o progresso

de São Paulo.


Poema do livro Pulsão de Língua (Selo Mirada, 2021)



 

*Imagens utilizadas: Greenpeace

Direção, roteiro e montagem: Taciana Oliveira




 


Daniel Glaydson Ribeiro
nasceu em Picos (1985). Pai de Anita, Tarsila e Bento. Professor do Instituto Federal do Piauí. Com o grupo Ausgang de Teatro, organizou o livro Almanach Muda (2016) e levou o Samba de Brecht para a Universidad de las Artes, em Havana, Cuba. Dentre as publicações recentes, estão: a plaquete “Marcescível” pela Mirada (2020); o poema “Põlinud-iná” na revista Desenredos (2020); e traduções de Paul Valéry na revista Em Tese (UFMG), com Fábio Roberto Lucas. Pulsão de língua (Mirada, 2021) será seu primeiro livro solo. Coordena o projeto de extensão “Linguagem e poesia #dendicasa”, cuja produção virtual pode ser encontrada em youtube.com/LinguagemePoesiaDendiCasa