por Valdocir Trevisan__
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Até parece que Fake News é novidade. Coisa nova. Desde a invenção da imprensa com Gutemberg,
ela recrudesceu, porém sempre existiu. Sempre fez parte das instituições
governamentais, ideológicas e políticas desde o imperialismo, Idade Média, feudalismo
etc.
Ah, mas agora temos a internet... para aumentar a
desinformação. Diante de um governo onde a Educação não é prioridade (pelo
contrário), a informação anda por caminhos estranhos. Quanto menos reflexões,
maiores manipulações.
As estradas das fake News conseguem fácil acesso sem
as críticas necessárias, um dos objetivos dos grupos dominantes.
Lembrei de
Jürgen Habermas e seu discurso em 1980 quando recebeu o prêmio Adorno:
"Modernidade, um Projeto Inacabado". E se vivemos tempos estranho e
obscuros, destacamos a apresentação do seu livro "A Nova
Obscuridade".
Nele, Antonio Ianni Segatto e Felipe Gonçalves Silva dizem
que "A obra foi publicada em 1985 refletindo problemas e tensões de uma
década crucial para a sobrevivência e maturação do projeto democrático, tanto
na Alemanha como fora dele. Fica claro a natureza imediatamente política da
maior parte dos assuntos nele tratados como a crise do Estado social, políticas
de rearmamento..."
Crises de estado e políticas de rearmamento? Hum...Onde
vejo isso?
Crises de estado e morais alimentando o próprio fake
enquanto ficamos alijados da verdade e vendo a Fake News bombando. E a ética?
Que se mude para Júpiter.
Um amigo que curte meu blog, diz que os muitos
"ismos" só confundem.
Capitalismo, socialismo, imperialismo, feudalismo e
muitos outros "ismos". Para uma compreensão confiável, somente com
leituras, leituras e... leituras. Não tem outro jeito. A busca desenfreada pela
informação, sempre de "olho" nas desinformações. Caso contrário, as
dúvidas serão inevitáveis na casa das sete mulheres e nos caminhos dos sete
homens sem destino.
A palavra é "esclarecimento" para não
perdermos o foco e o senso crítico. E acho que todos concordam que a debilidade
do indivíduo mal informado (por opção ou não), aumentou consideravelmente em
nossos bailes de máscaras e na falta do tal esclarecimento diante das
falcatruas ideológicas. Ora, é evidente que faltas acarretam desinformações.
Lembrei das esferas de vida de Habermas que estão
transformando-se rapidamente com a colaboração do capitalismo cultural. Assim,
se surgem vários caminhos para informar, o mesmo acontece para desinformar.
Simples.
Ainda que os
campos de interação e os espaços das ações humanas de Habermas se direcionam às
políticas e éticas ainda acreditando na democracia, as correntes contrárias
ainda são significativas.
E se a tal
propagada esfera pública de Habermas requer dinâmicas teóricas, então surge a
possibilidade para debates justos e igualitários. Eu disse, justos e
igualitários, pois é nesse instante que visualizamos oposições e contrariedades
a sonhada justiça.
E são justamente as Fakes News que não permitem o
aproveitamento dessas esferas pois as desinformações servem aos grupos
políticos, econômicos e culturais e seus interesses que se beneficiam da
ignorância.
Interessante que exista uma predisposição subjetiva
das pessoas acreditarem naquilo que lhe interessa, independente da veracidade.
E várias pesquisas comprovam que notícias falsas circulam mais rapidamente do
que as verdadeiras. Incrível, a Fake News tem uma maior velocidade, e também
por isso, os governos nefastos não investem em Educação. Isto porque todos
reconhecem que a relevância da publicidade é comprovada pelos dois caminhos, da
verdade e da mentira. É a grande força da propaganda.
Nisso, Goebbels era mestre. O nazismo entendeu
o poder da publicidade. E como.
Mas Habermas não baixou a guarda diante das ameaças
contra a democracia, mesmo ele sendo alemão.
Mesmo que fosse uma democracia liberal e apesar das
controvérsias dele com a primeira geração da escola de Frankfurt, (ele era mais
otimista diante do pessimismo de Adorno e Horkheimer). E diante das tendências
negativas e opressoras, ele ainda visualiza dias melhores através das
"ações humanas", acrescentando ainda a ética do discurso.
Entre prós e contras, e com o desenvolvimento
tecnológico das "máquinas" ideológicas representadas pela mídia
moderna, a criticidade torna-se essencial.
Resta perceber a força demoníaca dos fake News. Ter o
discernimento crítico de que qualquer discurso tem seus interesses onde a
produção de notícias falsas servirá a alguém.
Nesses verdadeiros jogos de interesses, a propaganda,
sem dúvida, é crucial.
Goebbles que o
diga.
Valdocir Trevisan é gaúcho, gremista e jornalista. Escreve no blog Violências Culturais. Para acessar: clica aqui