Vídeo-performance Hiatos trata da melancolia como sintoma colonial

 

por Divulgação__

 



A exibição será através da plataforma digital Vimeo e ficará disponível até a meia-noite do domingo (09/05) com acesso gratuito

 

A marcação do tempo linear, separado pelas categorias de passado, presente e futuro, constitui nossa percepção ocidental de temporalidade e estrutura nossas relações com o mundo. Essa forma de habitar o tempo impacta na nossa lida com a morte, que se manifesta como algo iminente e produz coletivamente sintomas melancólicos, que são avessos às formas como cosmologias bantu e iorubá experienciam a vida, a morte e o tempo.  Nelas, o tempo, a ancestralidade, a vida e a morte estão imbricados em um mesmo circuito de significância e essa movimentação entrelaça uma temporalidade em espiral, não-linear. 

Entendendo a melancolia como ferida colonial ainda exposta, Hiatos, vídeo-performance escrita e dirigida por Marcela Coêlho, grafada pela performance de Orun Santana e realizada com o incentivo da Lei Aldir Blanc - Pernambuco, envolve movimentações corporais comuns às linguagens da dança (contemporânea e afro-brasileira) e da performance ritual. Com duração de 7 minutos, a construção do seu enredo foi inspirada no livro Saturno nos Trópicos: a melancolia européia chega ao Brasil de Moacyr Scliar e no texto Performances da Oralitura: corpo, lugar da memória de Leda Maria Martins.

O estado de espírito melancólico está diretamente ligado à estagnação, ao frio e ao esgotamento do corpo e da mente. Hiatos se apresenta como uma janela de percepção desses conflitos existenciais cravados em solo brasileiro em contraposição a uma visão de mundo no qual tudo é movimento e vibração e, por isso, a melancolia não faz morada. Utilizando-se da simbologia da encruzilhada como um fluxo sagrado de intersecção entre movimentos cíclicos do cosmos, do espírito humano e do corpo, Hiatos proporciona uma experiência audiovisual em formato espiralado através de composições entre imagem e som. 

Quando abro mão da percepção linear compreendo minha verdadeira função no tempo, danço-o e movo-o como matéria viva presente em cada ação/movimento. Cada encruzilhada no caminho aciona um rito necessário para seguir adiante. Hiatos, como experimento audiovisual propõe uma visita a alguns momentos-rito, moveres-tempo e transmutação da matéria”, fala Orun Santana. "Além de ser uma maneira de manter a proximidade com o público durante esse contexto delicado de pandemia, trazer a performance para a linguagem audiovisual nos permitiu atingir uma expansão do corpo e potencialização dos seus códigos. Hiatos, enquanto performance ritual, é um chamado de mergulho no cerne de uma das feridas abertas em nossa história colonial e um olhar para o corpo como um caminho para transcendê-las", complementa Marcela Coêlho. 

O link do Vimeo para acesso à Hiatos será disponibilizado gratuitamente ao público através da página do Instagram do projeto (@hiatosv) às 19h da sexta-feira (30/04) e poderá ser assistido até a meia-noite do domingo (09/05) pelo público. O acesso ao link também poderá ser solicitado através do e-mail hiatosv@gmail.com.

 


 

 

FICHA TÉCNICA – VÍDEO-PERFORMANCE HIATOS

Performer: Orun Santana
Roteiro e direção: Marcela Coêlho
Assistente de direção:
Gabriel Coêlho
Direção de fotografia:
Sylara Silvério
Iluminação: Filipe Sampaio
Direção executiva:
Tamy de Paula
Direção de produção:
Joana Saint'Anna
Direção e produção de arte:
Marcela Coêlho
Figurino e maquiagem: Maria Esther de Albuquerque
Montagem e color grading: Sylara Silvério
Mixagem e desenho de som: Lucas Caminha e Samuel Nóbrega
Trilha sonora:
Samuel Nóbrega
Fotografia still:
Eulália Lins e Micaella Pereira
Contrarregragem:
Jonathan Faria
Design Gráfico: Rodrigo Sarmento
Apoio cultural: Grupo Magiluth e A Casa de Iluminação
Incentivo: Lei Aldir Blanc - Pernambuco / Governo do Estado de Pernambuco / Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco


SERVIÇO

Estreia da vídeo-performance “Hiatos” por Orun Santana, escrita e dirigida por Marcela Coêlho
Data:
30 de abril de 2021 (sexta-feira) - disponível até dia 09 de maio (domingo)
Horário:
19h
Exibição virtual:
A partir da plataforma Vimeo, acesso direto à vídeo-performance através do link que será disponibilizado na página do instagram do projeto (@hiatosv) ou mediante solicitação pelo e-mail hiatosv@gmail.com
Acesso: Gratuito
Duração:
7 minutos
Classificação indicativa:
10 anos


 


Orun Santana
é artista, bailarino, capoeirista, professor, pesquisador em dança e cultura afro de Recife-PE, formado pelo Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, pelos mestres Vilma Carijós e Meia-noite. Brincador da cultura popular faz das vivências com as danças e brinquedos lugar de pesquisa corporal e investigações artística para a cena. Atualmente é diretor artístico da Cia. de dança Daruê Malungo e realiza o espetáculo solo intitulado Meia noite, que se apresentou em festivais como o FAN (BH) e a MITSp Plataforma Brasil. Durante a quarentena do covid-19 o artista iniciou o projeto “Dança pra Criança” e o Curso “SANKOFA - A dança como presente.”

 




Marcela Coêlho é atriz e pesquisadora das artes do corpo. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, desenvolveu pesquisa sobre o lugar da memória nas relações entre o corpo e o espaço urbano mediada pela fotografia enquanto método de investigação dos afetos. Desde então, vem se dedicando ao teatro e à performance por acreditar na potência das artes do corpo como caminhos de sublimação e construção de imaginários. Atualmente integra o coletivo Domínio Público, núcleo de pesquisa em teatro do real do Sesc Santo Amaro (Recife).