por Daniel Glaydson__
COMO
...se
ao poema coubesse ainda e apenas
lê-lo,
com humana voz sem excesso
no
ritmo puro do tempo disperso
como se
houvessem raças e antenas,
numa
ausência de qualquer artifício,
como se
eu detrás duma cortina,
sumisse,
e esta língua que imagina
já não
fosse a máquina do início.
Tal
como a luz do sol ou a da lua
as
nuvens, os raios e tempestades
são
sublime teatro-transcendência,
a Voz é
meu corpo a dançar, eu nua;
língua
é ruído de todas vontades,
o poema: barulho-excesso-essência.
*Poema publicado na obra Pulsão de Língua, de Daniel Glaydson Ribeiro, Selo Mirada
Daniel Glaydson Ribeiro nasceu em Picos (1985). Pai de Anita, Tarsila e Bento.
Professor do Instituto Federal do Piauí. Com o grupo Ausgang de Teatro,
organizou o livro Almanach Muda (2016) e levou o Samba de Brecht para a
Universidad de las Artes, em Havana, Cuba. Dentre as publicações recentes,
estão: a plaquete “Marcescível” pela Mirada (2020); o poema “Põlinud-iná” na
revista Desenredos (2020); e traduções de Paul Valéry na revista Em Tese
(UFMG), com Fábio Roberto Lucas. Pulsão de língua (Mirada, 2021) será seu
primeiro livro solo. Coordena o projeto de extensão “Linguagem e poesia
#dendicasa”, cuja produção virtual pode ser encontrada em
youtube.com/LinguagemePoesiaDendiCasa