por Lisiane Forte__
Feirinha da Beira Mar/ Foto: Lisiane Forte |
De todos os pesares
O dia chegou repleto de lucidez
e precisão.
E eu recomeçava em outro lugar – dada a previsão.
Estava escrito nos muros da cidade que seria maçante perceber a existência das
horas.
E como eu estava silenciosa.
É que, às vezes, o silêncio pode ser alto demais,
Enquanto todos pagam suas contas abismais.
Ao cair, um ou outro escapava dos golpes de vento.
Esses eram o que esperavam pelo advento.
E eu só tinha o hábito de dissecar milagres,
De todos os meus pares, os pesares.
Cirque Amar/Foto: Lisiane Forte
Solidão
Era uma vez um dia arrastado,
consumido pelo isolamento;
Das horas retraídas,
das possibilidades podadas,
dos desígnios postergados.
Hoje, a solidão instalou-se e modificou o meu rosto,
a ponto dele ficar obscuro e indefinido.
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura / Foto: Lisiane Forte
O Silêncio
O silêncio alastrou-se pela
casa.
De repente, as emoções foram recolhidas,
como se vozes queimassem em brasa,
e provocassem minhas razões descabidas.
O silêncio compôs a letra de despedida,
Como aquela estranha vizinha
Que, um dia, revelou-se descomprometida,
E fez do seu jardim erva daninha.
Eu gritei,
gritei, gritei sem parar, diante de um quintal sem fim,
Onde os jasmins foram abandonados
E onde o silêncio tocou clarim.