por Dora
Dimenstein___
A
proposta deste projeto foi publicar e divulgar, de forma virtual, e com acesso
gratuito, um catálogo referente aos cartões postais muitos usados no século XIX
e que esta coleção faz parte do acervo documental que está no Museu Histórico
do Brejo da Madre de Deus, Estado de Pernambuco.
A
beleza como eles se apresentam, encanta o olhar e nos remete à um passado onde
as pessoas procuraram preservar a comunicação entre familiares e amigos, mesmo
morando em locais distantes, porque, basicamente, o ser humano é, e precisa, da
comunicação de seus pares para demonstrar seus sentimentos e aproximar as
pessoas.
A
coletânea consiste em aproximadamente 54 cartões postais (com frente e verso)
que possuem desenho em bico de pena, alguns são fotos artísticas com um
colorido aquarelado manualmente, de flores, nas roupas das pessoas e se referem
geralmente à convites de batizado, casamento, informando e felicitando pelo
aniversário, nascimento dentre outros. Chama a atenção, além dessa bela
reprodução, a grafia dos postais e imagina-se que a caneta usada para tais
feitos, seja a que hoje quase não existe mais, a caneta de pena de tinta.
Interessante fazer essa observação para se ter a real noção de como era a
grafia da época e como hoje nos comunicamos. Muitas coisas mudaram nesse meio
tempo.
Os
postais são um registro do tipo de correspondência que prevaleceu em uma época
onde não existiam ainda outros meios de comunicação como os que possuímos hoje:
internet, televisão, celular. As pessoas sempre sentiram a necessidade de se comunicar,
expressar seus sentimentos, umas com as ouras constantemente e, os textos
encontrados nos versos dos postais, nos remetem aos modos, aos hábitos, aos tratamentos,
aos sentimentos, a grafia e a história de jovens, de casais e de famílias das mais
diversas épocas e regiões.
Surgiram
na segunda metade do Século XIX e foram popularizados no início do século XX.
Viraram moda na Europa e aqui no Brasil e, segundo a historiadora Bartira
Ferraz, o cartão postal nasce na Áustria, como um novo meio de correspondência
(comunicação), e foi uma invenção de Emmanuel Hermann (1839-1920).
Encontramos
nessa coleção de postais vários tipos de impressão e em variados tipos de
papéis, inclusive papel fotográfico que eram ou vendidos em lojas, mercados
públicos, antiquários, aeroportos, ou encomendados para fotógrafos/artistas que
aquarelavam os negativos de fotos das famílias, trabalho esse realizado por
encomenda e que demandava tempo para ser finalizado.
Geralmente
os postais encontrados abordam temas dos mais variados. Hoje, vemos mais
postais com fotografias de paisagens das cidades e principais capitais do país
que são produzidos em massa, mas já existiram muitos com reproduções de
conteúdos sentimentais, eróticos, humorísticos, religiosos e de arquitetura. As
mensagens contidas no seu verso são de alegria, saudades, carinhos, melancolia,
romantismo, agradecimento, ou simplesmente recados e frases curtas.
Na
coleção deste catálogo, as pessoas representadas ou fotografadas
especificamente para o uso das imagens nos postais eram na maioria das vezes
mulheres, crianças ou pares românticos com vestes em estilo europeu. As imagens
em alguns casos eram pintadas à mão, aquareladas artisticamente, para dar mais
efeito romântico ou destacar alguma parte do corpo ou da roupa. Também já foram
muito utilizados recursos como recortes, relevos, dobraduras, apliques ou
purpurinas e até de papel prensado com relevos de flores, pássaros ou apenas
ornamentos. As pessoas se encantavam com a beleza ali representada e geravam
uma expectativa de receberem mais e mais exemplares. Muitas delas passaram a
colecionar e guardar com carinho essas peças tão elaboradas e bonitas. Com o
passar dos anos e das gerações, as famílias começaram a fazer doações para
museus e bibliotecas daí, até hoje, encontrarmos ainda postais do século XIX e XX
em locais bem específicos.
A importância da preservação, do acondicionamento e da visibilidade dos postais é de grande relevância, pois representam um registro da história, costumes e forma de comunicação de uma época.
* O projeto “Cartões Postais do Século XIX”, foi concebido pela Produtora Cultural Ana Maria Silva e a Pesquisadora e Produtora Cultural Dora Dimenstein, com a realização da ADCE Produção Cultural, apoio da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, através do incentivo da Lei Aldir Blanc, e parceria com a Prefeitura do Brejo da Madre de Deus.
Dora Dimenstein é Pesquisadora e Produtora Cultural