por W. A. da Silva__
uma florzinha de beleza neste lixo
no terreiro do tempo as formigas
atravessam em rubato — segue-vida
o ponto do relógio é sem efeito quando
estavam certas do passo seguinte/a falha
a tese da legítima defesa da honra
abstrações em torno da d i s t i n ç ã o
— o preceito universal do coronel burlesco
fere a epiderme de argila escura sertão
os profetas se calaram
contudo há
uma busca ansiosa por conversas telepáticas
as formigas não se importam mais
com nossos crimes passionais
fim das histórias contadas para divertir
__________
anotou —
hoje após o café da manhã
imprimi “os girassóis”
e guardei-o na pasta
pensando na
gincana estudantil
pela tarde
quando o afixei
na parede
com fita dupla face
percebi que no fundo
da imagem impressa
havia um desenho esvanecido
do smilinguido
de imediato
esqueci de van gogh
e lembrei-me de
walter benjamim
— a mancha absoluta
— epigênese de argila
éden-útero
vulva-flora
adão e eva
ípsilon e xis
dábliu e eme
óvulo e sêmen
o falo do pater
serpentinamor
fecundação na
boca do poço/
diurno o céu de
ponta-cabeça
e a geração que
não foi a um
show dos beatles
— epiderme de argila
o insistente marrom do cedro africano
esta cor do fim de céu a oeste
areia de siena queimada/o vermelho que
se esconde — a argila a ferrugem a forma
pátina sobre a face dos antepassados
o chão da estrada
o pó que persegue pneus e cansa
argila das sandálias
a meia de poeira do andarilho
até os joelhos
argila ao redor dos olhos
íris de mel silvestre
a forma que trai o olhar
o céu de zinco fundido
a teoria dos sistemas tangentes
a libido dos sistemas
a dízima periódica das formigas
a reticência numérica da vida
há poemas à revelia
histórias para “tirar de tempo”
o sertão é um conto sem arremate