por Marcela Güther/Divulgação__
A finitude e seu
espanto: escritor baiano Saulo Machado estreia com “O Jogo das Margaridas”
Em seu primeiro livro,
publicado pelo Mormaço Editorial, autor de 22 anos bebe da filosofia e
psicanálise em contos assombrados pelo jogo do nascer e morrer
“Com pequenos chistes,
detalhes da escrita rica que, apesar de profunda e tocante, é leve e fluida,
atraente a ponto de desejarmos ler de uma só vez, como sorver um precioso
néctar do qual não queremos nos apartar.”
Edilma Costa, filósofa e
professora de filosofia, na apresentação de “O Jogo das Margaridas”
Um professor abandona
sua cátedra na universidade. Uma menina nasce sem chorar. Crianças brincam,
apesar do tempo. O jogo diz “não” para depois dizer “sim”. Neste ir e vir,
neste arrancar das pétalas, cada um age como quer, sem estar livre de certo
tipo de tontura. Mas é preciso, realmente, jogar? Tudo pode se resolver,
afinal, com um gesto definitivo. Mas quem quer, apesar de tudo, ser tão
definitivo assim?
Influenciado pela
psicanálise e filosofia, o escritor baiano Saulo Machado estreia com “O Jogo
das Margaridas” (Mormaço Editorial, 2021, 64 pág.), trazendo a morte como fio
que liga as tramas dos seis contos que o compõem. A apresentação do livro é
assinada pela filósofa e professora de filosofia Edilma Costa.
Saulo Machado é
graduando de psicologia e estudante de psicanálise. Os contos que integram o
primeiro livro do escritor pairam sobre uma espécie de assombro. “E tem uma
dialética, pulsões de vida e morte, por isso se chama ‘Jogo’. No fundo, os
personagens estão tentando não se matar”, expõe Saulo. “Os contos dizem, eles
não querem dizer. A questão mais interessante é: o que eles dizem aos
leitores?”, provoca. “O que os contos me dizem? Algo como: a vida vale mais a
pena quando posso me espantar.”
A concepção de “O Jogo
das Margaridas” foi motivada pelo período de pandemia e por um “acúmulo de
pensamentos” que Saulo vinha cultivando nos últimos anos. Sua escrita foi
diretamente influenciada pelo escritor e filósofo Albert Camus, com as obras “O
Mito de Sísifo” e “O Estrangeiro”, e pelo psicanalista francês Jacques Lacan.
“São pensamentos
existenciais mesmo; o que é a vida, a consciência, o sofrimento, a angústia de
não poder se segurar em nada etc. Quando o vírus deixou ainda mais clara a
iminência da morte, aí eu tive que escrever. Na verdade, talvez o livro seja
uma confissão própria, confissão de que para mim a vida não basta, de que é
preciso inventar algo durante esse tempinho aqui. É minha revolta, como podem
ver”, finaliza.
Sobre a Mormaço Editorial
Concebida em defesa da
literatura autoral feita no Nordeste, a Mormaço Editorial promove a valorização
da pluralidade, dando visibilidade a autores independentes e estreantes no
cenário editorial. A marca baiana é uma iniciativa dos escritores e editores
Maria Luiza Machado e Daniel Pasini. Recentemente passou a investir em e-books
para ampliar o público leitor, tornando as obras mais acessíveis.