por Dias Campos __
Foto: Jonatas Domingo |
Seu Osório tinha duas paixões e um
sonho. Aquelas, sua esposa e a literatura; este, o de morar na praia quando se
aposentasse.
Veio
a inatividade. Trocaram-se os ares. Mas se foi a companheira.
Para
compensar a solidão da viuvez, seu Osório comprou um papagaio. E chamou-o
William, em homenagem a Shakespeare.
No
entanto, como em seu lar os bons modos sempre reinaram, ele não ensinaria à
mascote palavrões ou baixarias. Apenas frases icônicas sairiam do seu bico.
Certo
dia, um amigo apareceu.
Ora,
o emplumado não o conhecia. Daí que o “intruso” tomou um susto ao ouvir sua
estridente voz:
- Currupaco! “Deixai aqui todas as
esperanças, ó vós que entrais!”
Não se precisaria dizer que a ave
foi o centro das atenções depois que o visitante identificou Dante e sua Divina comédia.
Mas a visita não era ao papagaio. E ambos
foram para a copa, a fim de tomarem um café e de matarem as saudades.
Em dado momento, o recém-chegado
contou que estava preocupado com a neta, visto que começara a namorar um fulano
que, pelo que soubera, estava obcecado por ela.
Vai
saber o que passa na cabeça desse garoto?!... – perguntou o avô zeloso.
E
William atalhava:
- Currupaco! “Iracema, a virgem dos
lábios de mel,...” – Mas só seu Osório riu com José de Alencar.
O dia acabava. E era hora de partir.
Antes
de sair, seu amigo pediu um conselho. Perdera uma grana preta no jogo
clandestino. O que deveria fazer?
Seu
Osório bem que tentou, mas...
-
Currupaco! “Ao vencedor, as batatas!” – Ó Machado!