Organizar antologia não é
tarefa das mais fáceis. Esta que o leitor tem para leitura não surgiu com este
objetivo, ser antologia, apenas uma série, diga-se, impecável. A liberdade de
seu organizador, o poeta José Couto, dá aquele toque especial e único desta
seleta. Aqui os poetas se conversam, se conhecem, estão reunidos no mesmo
projeto literário, sobretudo pelo ofício do poema, por isso indeléveis,
marcantes e relevantes.
Quando li um dos poetas da série, o
Claudio Daniel, muito antes de ser publicado na revista Vida Secreta,
fiquei tão encantado, que estava já para entrar em contato e decidi procurar o
autor da série, que também tinha um nome curioso. O gaúcho José Couto se
assegurou de sua capacidade de juntar tantos nomes realmente necessários, e eu
quis me deter em sua seleção.
Como toda antologia, gostaríamos sempre
de ver outros nomes, mas aí seriam nossos gostos pessoais. O Bandeira costumava
dizer o seguinte: quem não quiser arrumar confusão, que não faça antologias.
Com o Zé Couto não sentimos isso, porque a sua seleção não dá brechas para
impropérios. Há realmente a poesia, e de uma qualidade espantosa, para
concentrar a atenção.
Há o equilíbrio, tanto de autores e autoras, distribuídos de uma maneira única, marcante, com tantos estilos e "como quem pressente os mistérios", como lemos em Nil Kremer. E é Tito Leite quem escreve: "Eu sou o outro/Que me falta", e essa lacuna existencial é preenchida com um agradecimento: "Eu agradeço tudo o que não tive." da poeta Maria Carpi. Um poeta conversa com outro, um poema é acendido na luz do outro, e nossa época, ou mesmo o ano de 2021, é marcado nestes versos assombrosamente belos.
É incalculável o que aprendi lendo todos
estes poetas, podendo conhecer cada estilo, tendo o tempo necessário de
degustação para essa valiosa oportunidade. Assim como em Lázara Papandrea,
que escreve: "A cobrir-me de versos/E de tardes pensativas/Eu vim pelo
sol", para o poeta (in memoriam) Carvalho Junior questionar: "Caberia
tudo/Num só clarão de espanto?". É assim o aparelhamento desta
antologia, feita de versos até o topo, mas sem pressa, como avisa Adri
Aleixo: "Mas é devagar que escrevo/N u v e m".
José Couto sabe de tudo isso e compartilha com a
grandeza de quem vive a poesia, para Artur Madruga, com quem tem projeto
de livro inédito nos dizer: "O que cresce/É a insistente versão/Do que
a vida te oferece,/E não consegues ver." É o que não conseguimos
organizar com tanta firmeza, ou mesmo com uma lentidão capaz de entregar "A
acalentadora companhia,/Que só tu podes oferecer" poesia, e ainda a do
poeta Artur Madruga. Assim como a de todxs os poetas reunidos.
Prepare-se, você está diante de um
material histórico, diante de vozes de diferentes estilos e lugares do Brasil,
poetas conscientes de sua marca indelével na poesia contemporânea. O ano de
2021 nos possibilitou algo relevante, esta série vertida para antologia e que o
leitor tem agora para conhecer.
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Seleção e organização
©
José Couto
Edição, capa e projeto gráfico
João
Gomes
Editoração eletrônica
Vida
Secreta
Imagem de capa
AnesDesign
Fotos dos autores
Reprodução/Divulgação
Dados do e-book
256 páginas
19 autores
João Gomes nasceu no Recife/PE em 1996. Autodidata, é escritor e poeta, publica resenhas, crônicas e entrevista com escritores na revista Mirada. Publicou em algumas antologias, como Granja, Sub-21, Capibaribe vivo, Tente entender o que tento dizer, No entanto: dissonâncias e etc. Edita a revista de literatura e ideias Vida Secreta. Atualmente estuda Multimídia no Ginásio Pernambucano e mantém no prelo seu livro de poesia.