por Thainá Carvalho__
Mas entre. Entre sabendo que aqui não é confortável, não é
ilusão e nem sonho – porque tudo isso desmorona.
Sabendo bem dos escombros, Josi Siqueira constrói aos poucos
uma casa que sangra, se utilizando de uma poesia sólida por saber de si as
forças e as fraquezas. Uma casa que abriga e nos reflete com seus espelhos, nos
liberta com suas janelas, nos chora com seu concreto. Nos poemas que você está
prestes a sentir, é possível ler um lar e se reconhecer em casa.
E calma, que esse é um processo, aqui dividido em quatro
fases. Quatro etapas que descascam como pele queimada e cicatrizam,
lembrando-nos que a cura tem a força de uma viga de aço. A autora nos traz a
desconstrução delicada e dolorosa de um corpo – aqui, mente, aqui, coração –
que percorre as rachaduras e os consertos.
Não repare a bagunça parece vir nos falar de
desabamentos, mas este livro se trata, na verdade, do pouso. A poesia de Josi
Siqueira vem nos fazer bem e nos fazer mal para que saibamos do teto, o tato;
das paredes, o olfato; das fendas, o encontro; do chão, esse pouso. Entretanto,
no material das palavras, o sentir é mesmo muito só e – reitero – sólido, ao
contrário do que venham aqui nos dizer sobre sentimentos. Cada um sabe bem
quando é hora de arrumar seus cantos.
E se essa hora não chegou para você ainda, não repare mesmo
a bagunça. Tome aqui esses poemas e
solte-os por aí à vontade, sobre o sofá sujo, na pia cheia de pratos, na
cama sem forrar. Fique tranquila e seja bem-vinda ao lar.
* Texto originalmente publicado como orelha do livro.
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- Com dedicatória, direto com a autora, pelo Instagram @josisiqueira ou link https://bit.ly/naorepareabagunca;
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Thainá Carvalho - Autora de As coisas andam meio desalmadas e O amor em breve anatomia das horas