Não repare a bagunça, de Josi Siqueira

por Thainá Carvalho__

 


 

Mas entre. Entre sabendo que aqui não é confortável, não é ilusão e nem sonho – porque tudo isso desmorona.


Sabendo bem dos escombros, Josi Siqueira constrói aos poucos uma casa que sangra, se utilizando de uma poesia sólida por saber de si as forças e as fraquezas. Uma casa que abriga e nos reflete com seus espelhos, nos liberta com suas janelas, nos chora com seu concreto. Nos poemas que você está prestes a sentir, é possível ler um lar e se reconhecer em casa.


E calma, que esse é um processo, aqui dividido em quatro fases. Quatro etapas que descascam como pele queimada e cicatrizam, lembrando-nos que a cura tem a força de uma viga de aço. A autora nos traz a desconstrução delicada e dolorosa de um corpo – aqui, mente, aqui, coração – que percorre as rachaduras e os consertos.


Não repare a bagunça parece vir nos falar de desabamentos, mas este livro se trata, na verdade, do pouso. A poesia de Josi Siqueira vem nos fazer bem e nos fazer mal para que saibamos do teto, o tato; das paredes, o olfato; das fendas, o encontro; do chão, esse pouso. Entretanto, no material das palavras, o sentir é mesmo muito só e – reitero – sólido, ao contrário do que venham aqui nos dizer sobre sentimentos. Cada um sabe bem quando é hora de arrumar seus cantos.


E se essa hora não chegou para você ainda, não repare mesmo a bagunça. Tome aqui esses poemas e  solte-os por aí à vontade, sobre o sofá sujo, na pia cheia de pratos, na cama sem forrar. Fique tranquila e seja bem-vinda ao lar.


* Texto originalmente publicado como orelha do livro.


 Para comprar o livro:

- Com dedicatória, direto com a autora, pelo Instagram @josisiqueira ou link https://bit.ly/naorepareabagunca;

- No site da Editora Penalux: clica aqui

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Josi Siqueira cresceu em Hortolândia/SP, mas sua casa é o próprio mundo. É engenheira florestal e escritora. Escreveu Me acusaram de querer mudar (2019), editou Procura-se a mulher (2020) e participou do livro Todas as formas que há de amar (2021, Pintura das Palavras). É uma das organizadoras da antologia Quando a maré encher (2022, Mirada). Seu mais recente trabalho é o livro de poesias Não repare a bagunça (2022, Editora Penalux).É apaixonada por novas experiências, gente aberta e gatos. Mora perto das montanhas, com seu gatinho Draccon e uma coleção de memórias.





Thainá Carvalho - Autora de As coisas andam meio desalmadas e O amor em breve anatomia das horas