por Taciana Oliveira__
A
escritora cearense Rosa Morena nos brinda neste mês de março com o lançamento
do seu mais novo livro infantil: Bilbo, o macaquinho. Na conversa, Rosa
destaca: Sou cheia de vontades. Experimento tudo. Quero
a oportunidade de me comunicar comigo mesma e com o mundo.
1 – Sua produção literária transita nos gêneros conto e poesia. Conta pra gente como nasce teu envolvimento com a literatura infantil.
A literatura oral exerceu sobre mim grande influência. Minhas tias contavam histórias: lendas urbanas e histórias mais clássicas. Naquela época, ainda pequena, eu criava histórias sem colocá-las no papel. Minha mãe dizia que eu era uma “menininha inventadeira”. Anos mais tarde, influenciada pelo Programa Nacional de Incentivo à Leitura – PROLER, cujas oficinas participei, já graduada em pedagogia, investi na formação de leitores. Oferecia histórias aos meus alunos e alunas, por entender a importância da literatura para o desenvolvimento infantil. À medida que contava fui criando intimidade com as histórias e as crianças me reconheciam como a professora contadora de histórias. Não demorou comecei a criar minhas narrativas. Em 2014, surgiu a oportunidade de participar do edital PAIC, Prosa e Poesia, concurso literário promovido pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará - SEDUC. Fui selecionada com o conto Jaci a filha da Lua publicado em 2016. Assim comecei o meu percurso de escrita para o público infantil.
2 – Como você descreveria tua experiência na criação de
“Bilbo, o macaquinho”?
Sempre aprendo muito com os meus personagens.
Bilbo é muito otimista e luta para conseguir o seu objetivo. Quando escrevi
essa narrativa estava lutando para não me desesperar diante da pandemia que se
anunciava. Ele veio e me ensinou que apesar dos obstáculos temos que seguir
adiante.
3 – No
livro de poemas “Toda palavra sentida” você nos apresenta uma obra conjunta com
a participação dos poetas Betocello e Emanoel Figueiredo. Em “Bilbo, o macaquinho”
há uma delicada conexão do teu texto com as ilustrações do artista visual Ed
Júnior. Como se dá a construção dessas parcerias?
Acredito
muito na força do trabalho coletivo. Com os poetas Betocello e Emanoel
Figueiredo a relação para construção do livro foi muito dialógica, tudo era
resolvido em conjunto. As potencialidades e singularidades de cada um,
contribuíram para o enriquecimento da obra.
Conheci
o trabalho do Ed Júnior pelas redes sociais, e, no primeiro olhar, percebi que
era exatamente aquele traço que eu gostaria para ilustrar a minha
narrativa.
Entrei
em contato, depois enviei o texto e ele aceitou ilustrar. Como aconteceu em
Toda Palavra Sentida, tive com ele um canal aberto para conversarmos sobre cada
personagem que ele criava. Bilbo foi muito bem acolhido por Ed Júnior.
Compreendeu a proposta e ampliou em sua ilustração o potencial do texto. Em
cada traço as emoções do macaquinho ganharam visibilidade. Fiquei muito
emocionada quando vi as ilustrações concluídas.
4 – Sua
atuação como artista plástica se destaca pela abordagem do feminino. De que
forma isso te conecta e se reflete na concepção de obras como por exemplo,
Latitudes de Intimidade?
Latitudes
é a revelação dos meus sentimentos mais profundos. No prefácio da obra, você diz que Latitudes de Intimidade é alma e corpo feminino, concordo.
Consegui conversar sobre os meus alagamentos e desejos, com intensidade.
Usando
uma linguagem pictórica ou verbal, tudo se conecta com o que sinto e penso. Há
uma unidade.
5 – Quem é Rosa Morena? Você consegue recordar
o momento em que se descobriu como escritora?
Talvez não seja capaz de um conceito para me descrever, mas arrisco uma palavra: Sinto-me múltipla. Sou cheia de vontades. Experimento tudo. Quero a oportunidade de me comunicar comigo mesma e com o mundo. A arte tem me ajudado nisso. Relativo a me perceber escritora aconteceu quando fui convidada, por algumas escolas, para falar sobre Jaci, a filha da Lua, meu primeiro livro infantil. Adaptaram o livro e preparam perguntas sobre a obra. Naquele momento, assumi a responsabilidade da escrita.
Taciana Oliveira –
Editora das revistas Laudelinas e Mirada e do Selo Editorial
Mirada. Cineasta e comunicóloga. Na
vitrolinha não cansa de ouvir os versos de Patti Smith: I'm dancing barefoot
heading for a spin. Some strange music draws me in…