por Anthony Almeida__
Foto: Marcos Paulo Prado |
- Oi, meu fí, boa noite! É seu pai que tá falando com você. Eu
quero perguntar uma coisa, me diga, quando é que você vem pra casa, meu jovem? Digaí,
quando é que você vem? Essa dor tá matando, tá matando, tá matando... Digaí,
quando é que você vem? Tenha uma boa noite e tome aquele abraço! Daquele, bem
grande! (Abril, 2022).
- Meu fí, onde você tiver, veja só, ói: a tua mãe tava me
dizendo que era agora pra março, pra você vir pra casa. Mas agora não é em
março, é no mei de junho... Vai terminar o ano e você num vem pra
casa!!?? Digaí, venha simbora pra casa, ome! Bora, digaí,
a saudade tá demais, viu! Tome um cheiro daquele, bem grande! (Março, 2022).
- É seu pai, meu fí! Óia, tô feliz que você vai voltar. E
vai ser de ônibus, é? Ói, filme tudo aí! Filme pra nós e me mostre,
quando você chegar aqui em casa. Eu tô alegre, tô alegre por você voltar pra o
meu seio. Tô, tô alegre, alegre, alegre e muito alegre pra eu ver o dia de você
chegar. (Fevereiro, 2022).
- Opa, meu jovem, tome um cheiro e um feliz ano novo! Eu tô aqui, o seu
jovem, seu jovem não, véi, né? Jovem é tu. Tá tudo bom por aí, meu fí?
Eu tô só esperando o dia, o dia de você chegar e aparecer por aqui em casa. Tô
contente e contando os palito, cada dia que passa eu conto um. Uma caixa
de fósforo já foi. Eu vou contando outras, até um dia você chegar e eu dar
aquele abraço em você, viu! Um cheiro daquele bem grande, meu jovem! (Janeiro,
2022).
- Eita, meu fí, agora eu fiquei muito feliz de saber que você vai
voltar. No caminho de volta pra casa, a gente num erra o prumo, não. Um cheiro,
meu fí, foi a melhor notícia que você podia ter dado a gente. Foi um
presente de Natal, né? A tua mãe tá aqui chorando e rindo ao mesmo tempo. Agora
eu fiquei alegre. Vou começar a contar os dias, viu? Vou pegar uma caixa de
fósforo e todo dia eu vou tirar um palito. Vou botando os palito aqui do lado
da tua foto, aquela do final da faculdade, que tá aqui na estante. Quando se
acabar a caixa, tu chega. Feliz Natal, meu jovem e um abraço daquele, daquele,
sabe!? (Dezembro, 2021).
*
- Meu fí, como é que foi a viagem? É seu pai que tá falando.
Chegou tudo certinho por aí? Eita, rapaz, quando será que tu volta, hein? Eu já
tô com saudade de tu. Que danado foi isso que tu inventou de morar tão longe
desse jeito? Orxee!!! Mas tem nada, não. O importante é sua felicidade.
Mas venha pra casa assim que puder, viu, venha mermo, venha que eu... eu... eu
te amo, viu, meu véi! Te amo e já tô com saudade! (Janeiro, 2019).
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Janeiro a abril, 2019 a 2022.
Anthony Almeida é professor e cronista. Nasceu em Caruaru/PE e reside em Presidente Venceslau/SP, onde leciona. Pesquisa a Geografia Literária, escreve e estuda a crônica brasileira. Atualmente é cronista do Jornal Tribuna Livre e da Revista Mirada. É doutorando em Geografia, pela UFPE, editor adjunto da RUBEM – Revista da Crônica, e colecionador de cartões-postais. Contato: anthonypaalmeida@gmail.com