por Leo Barth__
Jr Korpa |
Certo dia, encontrei um velho sem língua que trazia um bilhete amarrado ao pescoço. Na linha inicial assinava "um diabo" como autor destes três poemas.
a
Canções
repetidas de mês solar último
Árvore
morta de quintal
O
despejo de uma quinta-feira
Revisitadas
ruínas azuis modificadas
Em
sonho de uma baixa América
Canções
repetidas de mês solar último
Acordes
extasiados
O
problema do aço que não modela
Repartido
em pedaços violentos
Em
desejo desgarrado
Canções
repetidas de mês solar último
Um
cavalo que brilha refletindo elementos
Faminto
de ventos e glórias invertidas
Debatendo-se
em agonia de flechas
Que
ressoam abate
Canções
repetidas de mês solar último
Uma
tenda; uma necromante sensual
Que
afirma coisas do próprio abismo
Contra
o tijolo cósmico tautológico
Canções
repetidas de mês solar último
Um
homem que afunda em areia
Regurgitando
solidão
Sabendo
que tudo que era sólido
Mereceu
dignidade de explodir livremente silencioso
Canções
repetidas de mês solar único
Tantas
eras mudo desaprendi a falar
Lendo
meus próprios lábios famintos
Em
segredos e mistérios
Da
pinça de uma abelha dourada
Que
repousa em mãos queimadas
De pés
abandonados
……
b /2/
Areia-veneno
e flor-férrea
Duas
túnicas de cores opostas
Duas
forças que se anulam
Amuam
E os
últimos beijos comem
Os
primeiros afagos
Dois
rasgos em portas opostas
A
primeira de laços
A
última de acusações
A fada
dos lagos
O
demônio do poente
Ventos
de abril
Transmutados
em calores de dezembro
Eu,
errante de tendas
Tu,
sorriso de concreto fixado
…..
/3/
Vitral
Eu era
um garoto nos dia de março
Importava-me
tudo que saia dos teus lábios
As
cordas e as flautas do fundo da tua voz
As
cartadas e fomes
O
conforto do teu peito intenso
Em meus
excessos
A
paixão corroeu todos os grãos de areia
Cada
quina de cabelos
E as
foices para dias ruins
Eu
sendo teu leito nobre
Tu
posta como pássaro errante
Abraçando
em prazer todos os sóis possíveis navegantes
Multiplicando
azuis de desgraça
Em
boa-nova de vergonha e cansaço
Eu, tua
mão aflita
Tu,
minha mentira enraizada
Grandes
poços de mentiras
Rasgos
de guilhotina
Cacos
de vidros
Para
todo sangue