por Leonardo Amando__
les coulers.
estar como chagall
suspenso no cinza
ou diluído nas cores
fazer azuis das sombras
fazer penumbra em anil
um menino que existe fluido
que sabe que somente vive
entremeado nas matizes
onde o tempo é senhor do vazio
e o instante é senhor da pulsão
de pé a suicida.
ser como virginia woolf
e sendo assim
e ainda assim
repleta de distâncias
nos escombros da casa do corpo
inundados em correnteza
permanecer de pé.
amar é uma droga.
e eu até passei a gostar do
hálito do cigarro que você dispersava no céu da minha boca narinas na minha
língua as papilas queimadas perdendo o sabor o sabor de vida e morte na
garganta a tosse seca a saliva escorrida pelo canto de teus lábios tudo era nicotina
e fluidos e tantas outras substâncias de onde eu tirava meu último suspiro a
cada sucessivo instante.
tempo.
porque havia o vinho que
limpava todo o excesso da consciência exceto as manchas passadas dos pulmões de
nossos corpos flutuando solenes no espaço do que nunca foi concreto.
deslocamento.
porque tudo o que é sólido
carrega a certeza daquilo que desmancha no restar do vácuo de amar.
anatomia de homem em estado de
pedra.
ao sol do meio-dia aguardou a
maré encher para assim dissolver-se sem dor à beira-mar. areia que foi pedra e
pedra que foi homem, tudo é da natureza das mutações. resignado, sorriu para o
horizonte e deixou-se queimar, na certeza de que o frescor logo viria com o
poente dos tempos, libertação a tempo de salvar-se dos efeitos de ser em si
mesmo...
Leonardo Amando - Carioca de Brasília ou da Mooca, Arpoador quintal de casa, Rio que não me engana, Sampa amor eterno. Administrador Público, pai de três, vive tropeçando em letras tentando cair de cara na palavra.
Aquariano com ascendente em
ceticismo e desencanto.
Violonista, Contrabaixista,
Fotografia:
A imagem é parideira do poema e
nesse parto de muitos eus moram compassos e ghost notes.
Porque tudo acima chega onde já
foi instante e transição.