Anthony Almeida__
Esse sábado eu tava perambulando pelo meio da Feira de Caruaru. Queria
matar uma saudade de dois anos e meio sem vê-la. Entre as barracas, vi o povo
andando com a camisa do Central. Depois vi um vendeiro com radinho de pilha
socado na orelha. Um tiquinho mais depois a minha mãe ligou do serviço dela:
Óia, tás sabendo que vai ter Central x Náutico hoje? Lá no Lacerdão!
Eu não sabia. Mas depois que soube, não tive dúvida, era a chance de
levar meu pai pro campo. Viver um inesquecível com ele. Assim fiz e assim foi!
Chamei uber e busquei o homem. O caba havia acabado de fazer um piso e
os trabalhos do pedreiro já tinham se encerrado por aquela semana. Botou
sapato, pegou celular e partimos pro futebol.
Ficamos na torcida da Patativa de Caruaru e a bicha até que mandou bem:
1x1. Mas podia ter vencido, não fosse a bola na trave...
Saímos alegres. Tínhamos acabado de construir uma lembrança daquelas! O
bicho ficou tão empolgado que quase vira a casaca. Queria ir pra todos os jogos
do Central: NO ESTÁDIO!
Mas, tempo depois, o alvinegro foi perdendo o fôlego e, sem tanta renda
e patrocínio quanto os times da capital, não conseguiu ir muito adiante na
competição. Já o Sport, que não tinha nada a ver com isso, venceu mais um campeonato
pernambucano.
Não foi dessa vez que o Central ganhou um novo torcedor. Mas foi dessa
vez que eu ganhei ainda mais amor pelo meu véi.
Caruaru.
Janeiro, 2019.
Anthony Almeida é professor e cronista. Nasceu em Caruaru/PE e reside em Presidente Venceslau/SP, onde leciona. Pesquisa a Geografia Literária, escreve e estuda a crônica brasileira. Atualmente é cronista do Jornal Tribuna Livre e da Revista Mirada. É doutorando em Geografia, pela UFPE, editor adjunto da RUBEM – Revista da Crônica, e colecionador de cartões-postais. Contato: anthonypaalmeida@gmail.com