por Anthony Almeida__
Numa das incontáveis saudades do meu lugar-natal, me disse uma canção:
"Caruaru, do meu Bom Jesus do Monte, pra quem vive tão distante, por força
do destino, ai, Caruaru, do meu tempo de menino", na voz de Azulão, em
Caruaru do Passado. Disse outra: "Caruaru, obrigado, Caruaru. Se tô no
norte, se tô no sul, nunca me esqueço de Caruaru", na voz de Luiz Gonzaga,
em Cidadão de Caruaru. Disse mais uma: "Eu canto aqui. Eu olho daqui. Eu
ando aqui. Eu vivo! Canto aqui. Eu grito aqui. Eu sonho aqui. Eu morro! [Morro
não!], na voz de Lirinha junto do meu grito e dos batuques de Cordel do Fogo
Encantado, em Aqui (ou Memórias do Cárcere).
Na véspera de um retorno, ainda que temporário, mesmo assim, retorno,
disse uma canção: "Vinde, vinde, moços e velhos. Vinde todos apreciar como
isso é bom, como isso é belo, como isso é bom, é bom demais", na voz de
Antônio Nóbrega, em Vinde, Vinde, Moços e Velhos. Disse outra: "Quem nunca
foi já ouviu falar, se você for, vai gostar. Quem já foi volta sempre lá",
na voz de Jorge de Altinho, em A Capital do Forró. Disse mais uma: "Vamo
simbora que o mundo arrudiou, vamo simbora que o mundo arrudiou e, se eu ficar
aqui parado, eu não vou. Me diz que som é esse que vem de Pernambuco?",
na voz de Chico Science e percussões de Nação Zumbi, numa versão ao vivo de
Lixo de Mangue.
Na chegada ao meu velho chão, disse uma canção: "Minha vida é
andar por este país pra ver se um dia descanso feliz, guardando as recordações
das terras onde passei, andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei"
nas vozes de Gonzagão e Gonzaguinha, em A Vida do Viajante. Disse outra: "Voltei,
Recife! Foi a saudade que me trouxe pelo braço!", na voz de Alceu
Valença, em Voltei Recife. Disse mais uma: "É verdadeiro o meu amor por
você, Caruaru", na voz de Elifas Júnior, em Caruaru Explode de Paixão.
Na breve permanência pernambucana, disse uma canção: "Pernambuco
embaixo dos pés e minha mente na imensidão", na voz de Chico Science e
nas alfaias de Nação Zumbi, em Mateus Enter. Disse outra: "Nas coisas
da terra é onde eu me amarro. Eu gosto da Feira de Caruaru, onde tem de tudo
que se procurar. Gosto de sorrir, gosto de cantar, de ver minha gente alegre e
feliz", nas vozes de Valdir Santos e Santana, em Coisas da Terra.
Disse mais uma: "Na Feira de Caruaru, faz gosto a gente ver! De tudo
que há no mundo, nela tem pra vender, na Feira de Caruaru! (Tem inté Coca-Cola)",
nas vozes de Luiz Gonzaga e Onildo Almeida, em A Feira de Caruaru.
Numa escuta da rádio Caruaru FM, uma semana antes de emigrar novamente,
disse uma canção: "Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais",
na voz de Alceu Valença, em Anunciação e eu só conseguindo ouvir “Tu vais, tu
vais...”. Disse outra: "O Inferno nem é tão longe, eu sei. Bem depois
de onde nada se esconde. Mais perto do que distante. Não demora muito e ele
chega pra qualquer um, eu sei", na voz de Jorge du Peixe e mais
batuques de Nação Zumbi, em Inferno. Disse mais uma: "Adeus minha rosa,
adeus meu amor, até para o ano, se nós vivo for", na voz de Azulão, em
Apanhadeira de Café.
Em mais uma das incontáveis saudades do meu lugar-natal, disse uma
canção: "Teus caboclos tão cantando: não há terra como tu! Quem tá
longe, tá chorando, longe de Caruaru, Caruaru!", nas vozes e nos
pífanos da Banda de Pífanos de Caruaru, em Capital do Agreste. Disse outra: "Porém
se a gente vive a sonhar com alguém que se deseja rever, saudade, entonce, aí é
ruim, eu tiro isso por mim que vivo ‘louco’ a sofrer", consagrada na
voz de Luiz Gonzaga, mas ouvida na voz de Gilberto Gil, em Qui Nem Jiló. Disse
uma última: "Maluco por Pernambuco. Eu podia viver lá, mas lá, lá vou
eu ficando por cá, São Paulo", na voz de Tom Zé, em Capitais e Tais.
Desejo de Pernambuco e Caruaru. 18 de maio de 2022.