por Caio Bulla__
meu silêncio me denuncia
serei
muito tempo
mas meu
tempo já se foi
o grito
que não dei hoje
a força
da minha falta
matou
tanto ontem
tanto
antes
quanto
sempre
é
preciso
cortar
a carne
como é
respirar
fundo
atingir
órgãos vitais
sangrar
para
parar
de sangrar
atenção: escada sem degraus - subir
obrigatório
meus
filhos têm fome
eu, a
dor de não ter
entrego
a eles mundo em chamas
e
espero que o segurem
antes
de comer
______
a
cidade
labirinto
de migalhas
não há
saída, só consolo
promoções
mensais
enfeites
de Natal
o
labirinto para
o
labirinto é para
mas
nunca do preso
as
mesmas letras escritas
por
outras mãos
são
palavras diferentes
na
cidade tem calo, sangue
e calo
diante do sangue
as
paredes da cidade são feitas
pelo
lado de dentro
mas
pagas pelo lado de fora
todas
as cidades são planejadas
até as
que não são
a
cidade é meio
não
solução
e tem
polução noturna
com o
cidadão
____
ipê
florido em pleno julho
e se
deixasse este deserto agudo?
ipê
mudo impondo o colorido
e se
não fosse tanto barulho?
ipê
morresse preso na própria finitude?
e se a
primavera é liberdade
ipê por
maldade estivesse indefeso?
e se
tão boa é sua plenitude
ipê
profano desejando beleza
e se
tão belo que tirano?
ipê
humano
e se
natureza?
______
às
vezes você me chacoalha
com
palavras de oito graus na escala Richter
aquelas,
cheias de tremas implícitas
trema,
trema, trema
e eu
não me agüento com essa trema
e
s
t
r
e
m
e
r
ç e
o d o
s o
m
n o
Link da pré-venda do livro: clica aqui
Caio Bulla - Graduado em Direito, é servidor público na cidade de Palmas. Seu livro de estreia, “afiado, asfixiado, aficionado” está em pré-venda pela Editora Folheando. Tem poemas publicados no blog Poesia na Alma.