Já não somos os mesmo, de Maya Falks | Lançamento

por Divulgação__






 Opressão, dor e loucura marcam lançamento de Maya Falks

 

A escritora caxiense, vencedora do prêmio Vivita Cartier de 2021, é conhecida por suas obras densas colocando sempre assuntos delicados como o centro da discussão. Seu lançamento não poderia ser diferente. “Já não somos os mesmos” é um romance que flerta com a prosa poética, narrado em primeira pessoa pela protagonista Priscila.

 

A história se passa durante a Ditadura Militar brasileira, quando Priscila, jovem estudante de classe média, é arbitrariamente presa junto ao namorado e mais um casal de amigos. Sem direito à defesa e sequer saber sob qual acusação aconteceu a prisão, Priscila narra não apenas a violência de um porão clandestino do regime, mas a fragmentação de sua mente enquanto perde a noção do tempo, a saúde e a sanidade mental.

 

O título do livro é um trocadilho com o refrão da música “Como nossos pais”, de Belchior, eternizada na voz de Elis Regina, em que se ouve “ainda somos os mesmos”; porém, como diz a protagonista, é impossível permanecer o mesmo depois de tudo o que ela e tantos outros enfrentaram.

 

“Já não somos os mesmos” é o primeiro livro que Maya Falks realizará lançamento presencial depois de dois anos de lançamentos virtuais. Neste período, a escritora lançou “Santurário” (Macabéa Edições), “Eu também nasci em asas” (Telucazu) e “Pedaços que vejo no espelho” (inédito).

 

por Eurídice Figueiredo__

 

O título desta novela em versos que Maya Falks nos apresenta dialoga em contraponto com a música de Belchior que afirma que, apesar de tudo, ainda somos os mesmos, como nossos pais. Poderia a protagonista do livro ser a mesma após atravessar o inferno nas masmorras da ditadura, sofrendo tortura e abuso sexual de forma contínua? Como sobreviver à loucura e à perda de todos os pontos de referência no mundo? Como reagir à morte do parceiro e de seus amigos? Como perdoar o pai que a delatou para dar-lhe um susto?

A alegoria usada pela autora repercute a verdade histórica dos sequestros de jovens idealistas que foram levados para casas clandestinas em que os torturadores tinham carta branca do regime para eliminar opositores. Esses estudantes contestavam a falta de liberdade, sentiam-se oprimidos e sonhavam com alguma revolução: pelas armas, por meios pacíficos ou, simplesmente, pelas artes.

 

Não podemos esquecer o passado recente do país, não podemos compactuar com as forças retrógradas que enaltecem os torturadores e querem impor a desordem e destruir a democracia. Escrever é um ato de resistência e a força da escrita poética reside no seu caráter transgressivo. Às vezes é preciso chocar para abalar os alicerces da inércia do conservadorismo.

Eurídice Figueiredo

Professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense

 

Já não Somos os Mesmos

Editora: Penalux

Formato: 14x21

Páginas: 122

ISBN: 978-65-5862-292-5

Preço de capa: R$ 42,00

Onde comprar: clica aqui

 

LANÇAMENTO PRESENCIAL

Zarabatana Café (Centro de Cultura Ordovás)

Caxias do Sul - RS

Data: 07.05.2022

Hora: 17h

 





Maya Falks veio ao mundo no inverno de 1982 e não muito depois já criava as primeiras histórias. Graduada em Publicidade e Propaganda, atuou mais de 20 anos nesse mercado como redatora, criando campanhas para clientes dos mais variados portes. No meio acadêmico, Maya fez ainda uma pós-graduação, estudou Direito, se formou em Jornalismo e está no último ano de Letras, mas sua grande paixão é a literatura. Como escritora, Maya é autora de oito livros publicados; entre eles os romances “Histórias de minha morte” e “Santuário” e o poema longo “Eu também nasci sem asas”, agraciado com o prêmio Vivita Cartier de 2021. Maya é também resenhista do blog Bibliofilia Cotidiana e atua como leitora crítica e oficineira.