por Tiago D. Oliveira__
Respiração
nada
é somente
o que o pássaro
sente
neste mar
aberto.
há de pedras
certezas
tão fecundas,
quanto, na face,
um tapa. a voz,
de um tom
muscular [a imagem
de um prédio a desmoronar
diante do peito, dos olhos]
disse que o coração
é um disfarce.
nada
é somente
o que o pássaro
sente
neste mar
aberto:
de suas asas,
sabido,
voa.
que voar
é para
quem
vive.
III
seis
da manhã,
há
uma janela,
estou
nela.
pessoas
apressadas,
os
trabalhadores,
confundidos
com
a caminhada
dos
nativos dalí,
do
Jardim de Alah.
depois
os pombos
voam
assustados.
não
há flores na manhã,
uma
chuva rala cai.
deixo a janela aberta.
Sopro no coração
carrego
do carrasco a paz.
não
sinto o tempo,
não
sei olhar para trás.
sou
feito daquele vento,
náfego
e fim. não
entendo
o arrepio. não
sei
de onde vim. não
vejo
o fio que o cão
carrega
na distância entre
o
uivo e o latido,
mas
guardo vivo, ventre.
do
carrasco, a paz marinha,
o
querer linear e ferido,
dentes
felizes sobre a rinha.
Poemas do livro “Soprando o vento”
(Livro vencedor do Selo João Ubaldo Ribeiro,
Ano 3)