por Nely da Costa Barbosa__
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Lembro
da surpresa quando descobri que meus avós haviam sido crianças, pois para mim,
eles já tinham nascidos velhos. Como podia uma criança ser avó ou avô de outra
criança? Impossível! Alguém estava muito confuso, e com certeza não era eu.
Meus
pais se divertiam com a minha teimosia, mas isso só me fazia ficar cada vez
mais desconfiada. Era difícil de acreditar naquela história, até porque os
adultos, convenhamos, nem sempre são confiáveis, vivem inventando respostas, mesmo
que não tenham nenhuma lógica, só para se livrarem de todos aqueles por quês.
Mas um
dia, sem querer, eu que fui criança xereta, encontrei as provas, bem ali, na
gaveta da cabeceira da cama, no quarto dos meus pais. Aquelas crianças com
roupas e penteados démodés das fotografias, eram meus avôs. Seus nomes escritos
de caneta nos versos das fotos e as datas, quase apagados, revelavam um tempo longínquo
e não deixavam nenhuma dúvida, eram os meus avôs!
Esse
assunto virou tema recorrente nos almoços de família aos domingos, as fotografias
saíram da gaveta e com elas as reminiscências de dias cheios de aventuras, narrados
pelos nossos avôs, sob o olhar curioso dos netos reunidos em volta da mesa.
Aquelas
lembranças me faziam viajar no tempo, juntos, eu e meus avôs, subíamos nas
árvores, nadávamos nos rios, corríamos livres pelas ruas e eu podia até sentir
o gosto daquelas frutas fresquinhas, tiradas do pé. E pensava, pensava... E pensando
bem, não estava totalmente equivocada, uma pessoa só se torna avô ou avó na
maturidade, ou seja, aquelas crianças, ainda não eram meus avôs, porque na
verdade, os avôs só nascem, quando nascem os netos.