Não estou interessada em nenhuma teoria, poema de Vitória Gabriela

 

por Vitória Gabriela __



colagem por Vitória Gabriela



Não estou interessada em nenhuma teoria


Não quero saber sobre o lado violento do amor
lado que repreende e diz que o seu presente
é a dor
não quero que me expliquem
onde foi que derrapei
eu sei
foi pelo meu calcanhar que chorei
o sangue no paralelepípedo é meu
talvez não vejam
mas meus não's me abriram
muito mais do que me fecharam
ou talvez eu não veja com clareza
mas isso importa agora que já estão ditos?
chorar pelo (e no) leite derramado
não é a consequência da tal curiosidade
que matou o gato?
meu bem,
meu bem,
meu bem,
cante e conte pelo além
por além
daquilo e daqueles que mentem
o que sentem
pois ainda é muito cedo
apesar dos pedaços caídos em esquinas
que insistem em quererem registrar
uma provável vida
ainda é muito cedo
e somos analfabetos em letras solares
se ele nasce ou se foi ou se vai
não sabemos
eu nunca sei
não nos damos
eu e o sol
não aceitamos nossos danos
mas por mim tudo bem
o que sei é que ainda é cedo
vamos aproveitar nossa juventude inquieta
e o conforto temporário em procurar
por aí
o direito de selecionar pelo o que chorar.
- Por Belchior e Cartola.










Vitória Gabriela
tem 20 anos (2002) e jeito com as palavras. Nascida em São Paulo- SP, filha de pais baianos, escreve desde a infância e atualmente além de possuir material disponibilizado on-line, participou da antologia Alma em Letras (Editora Exílio do Jaguar) e da antologia Poesia Viva 2022 (Coletivo Fomento Literário).