por
Wendel Golfetto__
Solitude
de Poentes
A
solitude de seu olhar
Transpassa
alma turva
No
crepúsculo vago
De
passos brutos;
Desfigura
o tempo
Em
infinitos raios
A
tomar espaços;
Resguarda
as sombras
De
memórias fanadas
Em
derradeiros abraços.
Seu
passar pela rua a
Deserta
em galhos secos;
Dobra
o sino
De
medieval badalo;
Arregimenta
céus
Em
entoado desaguar;
Desmonta
o segredo
Nos
vergéis campos
Que
lhe afogam;
Lateja
Assombro
de poentes
Numa
eloquente cadência
De
parcial morte.
Estações
de Trem Vazias
Se
o paraíso é a beleza de uma praia
Ou
a tranquilidade de um lago,
Então
quero o inferno;
O
furacão de um trago em segundos
No
bar de uma passagem de galeria.
Não
quero a natureza para o meu dia a dia,
Apenas
para devaneios passageiros,
Pois
me canso dessa reflexão em poesia.
Quero
o embate no concreto armado;
O
alvoroço dos bares ao meio-dia;
A
música do trânsito na Marginal;
A
britadeira rítmica rompendo o asfalto;
A
sirene da ambulância na região central.
Nos
bares, quero ouvir o espremedor de suco;
O
estampido e repique da tampinha de garrafa
Para
debaixo do balcão;
O
encaixe dos copos na frenética lavada.
Quero
ver o sol no colorido terraço
Rosa,
azul e amarelo
De
um Artacho.
Me
sentar na quina do balcão;
Ver
a luz solar invadindo os paredões dos edifícios;
Observar
o movimento na entrada da Santa Casa;
Dividir
digressões com personagens
De
uma vida somente freada por um gole de cachaça.
Ver
o nascer e morrer de lojas;
O
velho ambulante aposentado do viaduto,
Que
ninguém sabe onde mora
E
que, na multidão, parece oculto.
Quero
enxergar a paisagem de Hopper nos feriados;
O
mistério da solidão no envelhecer na cidade;
Avistar
a mim próprio
Na
vida marcada nas esquinas
De
um passado e presente que se encontram
Entre
estações de trem vazias.