por Laura Redfern Navarro__
LAURA VAI À 25 DE MARÇO
um diálogo com Stella do Patrocínio
I
me roubaram de mim
me roubaram o corpo
um manequim idêntico a mim:
uma falsificação no lugar
do meu corpo
II
um [manequim] é um corpo
um corpo autêntico & com formas a ser manuseado pelos corpos
quando ele é de verdade?
III
quem sou eu quando
estou de frente para o espelho da loja?
afinal de contas →
/ele ~d i s t o r c e~ a [imagem] do corpo/
IV
a cidade me perturba
a verdade é que desacostumei:
não sei quando é o corpo que e n g o l e a cidade;
quando é a cidade que bota o corpo _(bueiro abaixo
CARTOGRAFIA
I
Laura é uma transeunte e isso veio depois
dela ser /sobrevivente mas antes de tudo isto: Laura é Corpo;
e um Corpo é ((_reboliço_));
ela deseja: fogos de artifício;
comer o palhaço Piolin;
balões de são joão;
será possível ser livre o suficiente para brincar com fogo sem gerar incêndios?
II
o Corpo de Laura está vivo e deseja deseja [várias cores] ao mesmo tempo quando caminha pelos bares pelas ruas e pelo centro desta cidade mas ainda assim há certa ambivalência afinal desejar pode ser Vida mas também pode ser a Morte e é preciso saber por onde está indo para evitar esse tipo de /acidente/;
o problema é que
não há instrumento de [precisão] no mundo que não mate
o Desejo:
III
Laura pega o caderno e anota
meio frustrada / meio aliviada também:
“os mapas são todos inexatos;”
IV
é o Corpo de Laura
que /demarca/
esta metrópole
SOBRE ESTA PLAQUETE
A plaquete O Corpo de Laura compõe um dos segmentos de um projeto maior, também intitulado O Corpo de Laura, que foi contemplado em primeiro lugar no ProAC — 2022, no Edital de publicação inédita em Poesia.
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