A Bandeja de Salomé | Adriane Garcia

 

por Taciana Oliveira__

 



A bandeja de Salomé (Editora Caos e Letras, 2023) nos envolve como uma rapsódia-protesto. A obra é um corpo poético feminista, síntese do combate à misoginia, uma porrada no conservadorismo teocrático/genocida.  Adriane Garcia, na tessitura dos seus versos, expõe um olhar desafiador aos mecanismos manipuladores da ideologia patriarcal bíblica que ainda se impõe perigosamente em nossa realidade vigente.

 

É no encontro das personagens femininas desse universo que a linguagem poética de Adriane transborda visceralidade. Uma voz que se manifesta assertiva, potente e evidencia uma escritora ciente da sua visão crítica de mundo. Leitura indispensável para compreensão do nascedouro das tiranias que nos cercam, tradução da infelicidade do feminicídio como no poema que dá título ao livro: Na bandeja de Salomé /A cabeça /Dos que nos humilham / Dos que nos barram /Dos que nos violentam /Dos que nos matam.

 

Bem-aventurado este ventre que grita por sororidade na essência e na coragem dos versos da poeta mineira.

 

Oxalá, que nenhum Deus segregacionista nos proteja.



*Texto originalmente publicado para divulgação da obra




Adriane Garcia, poeta, nascida e residente em Belo Horizonte. Publicou Fábulas para adulto perder o sono (Prêmio Paraná de Literatura 2013, ed. Biblioteca do Paraná), O nome do mundo (ed. Armazém da Cultura, 2014), Só, com peixes (ed. Confraria do Vento, 2015), Embrulhado para viagem (col. Leve um Livro, 2016), Garrafas ao mar (ed. Penalux, 2018), Arraial do Curral del Rei – a desmemória dos bois (ed. Conceito Editorial, 2019), Eva-proto-poeta, ed. Caos & Letras, 2020, Estive no fim do mundo e lembrei de você  (Editora Peirópolis) e A Bandeja de Salomé ( Caos e Letras, 2023)

 



Taciana Oliveira é cineasta, comunicóloga e editora das revistas Mirada e Laudelinas