por Taciana Oliveira__
A bandeja de Salomé (Editora Caos e Letras, 2023) nos envolve
como uma rapsódia-protesto. A obra é um corpo poético feminista, síntese do
combate à misoginia, uma porrada no conservadorismo teocrático/genocida. Adriane Garcia, na tessitura dos seus versos,
expõe um olhar desafiador aos mecanismos manipuladores da ideologia patriarcal
bíblica que ainda se impõe perigosamente em nossa realidade vigente.
É no encontro das personagens
femininas desse universo que a linguagem poética de Adriane transborda
visceralidade. Uma voz que se manifesta assertiva, potente e evidencia uma
escritora ciente da sua visão crítica de mundo. Leitura indispensável para compreensão
do nascedouro das tiranias que nos cercam, tradução da infelicidade do
feminicídio como no poema que dá título ao livro: Na bandeja de Salomé /A
cabeça /Dos que nos humilham / Dos que nos barram /Dos que nos violentam /Dos
que nos matam.
Bem-aventurado este ventre que
grita por sororidade na essência e na coragem dos versos da poeta mineira.
Oxalá, que nenhum Deus
segregacionista nos proteja.
*Texto originalmente publicado para divulgação da obra