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Uma saga familiar concentrada nas mulheres: Sabrina
Gottschlisch estreia no romance em obra contemplada pelo ProAC
No livro “Através de nós”, lançado pela Editora
Paraquedas, escritora de Jundiaí aborda temas como relação entre mães e
filhas e saúde mental. A história está centrada nas mulheres de uma mesma
família, contada depois que uma delas morre.
“para mim, este livro é sobre o
que perdura
Aline Bei, escritora, em trecho do
posfácio.
“Matilda recebe da mãe a herança
de ser criada para
Tatiana Lazzarotto, escritora, em
orelha da obra.
Maternidade. Família. Amor entre
mãe e filha. Saúde mental. Temas que fazem parte da vida da paulista Sabrina
Gottschlisch e que agora se transformam em objeto literário. Contemplada no
ProAC, edital cultural do estado de São Paulo, a escritora lança pela Editora
Paraquedas o romance “Através de nós” (124 p.), uma saga focada nas mulheres de
uma mesma família. “O que me motivou a escrever o livro foi contar partes da
minha vida, uma vez que cresci numa família comandada por mulheres, de forma
ficcionalizada”, ressalta.
De acordo com a autora, a grande
inspiração para a composição da obra foi o livro “Casa dos espíritos”, da
chilena Isabel Allende. “Esta leitura acendeu em mim a vontade de escrever
sobre uma família matriarcal, como a minha”, resume. No livro, a história é
rememorada por Matilda, que faz parte da quarta geração e que vive o luto pela
morte de sua mãe. No avião, durante a viagem para cumprir os ritos fúnebres, a
protagonista decide escrever a saga das mulheres que vieram antes dela. “Uma
história que não tem começo nem fim, que simplesmente segue adiante, como todas
nós seguimos. Grande parte dessa trama foi minha mãe quem me contou ou deixou
escrita em cartas e cadernos que fui encontrando ao longo do tempo. Para ela,
escrever era uma estratégia de sobrevivência”, diz um dos trechos no início da
obra.
Acontecimentos históricos e
diários privados: uma história que passa pela questão do gênero
A narrativa rememorada pela
protagonista começa a partir da bisavó Lúcia, que trabalhava como costureira e
das suas filhas, as irmãs L. Como destaca a escritora Aline Bei, o livro é um
passeio por um álbum familiar: “é como se passeássemos de foto em foto por um
álbum de família, com uma voz narrando o que Sangra / sem se esquecer / das
estrondosas alegrias / que sempre fazem parte de uma história geracional”, em
um dos trechos do posfácio que assina.
Em “Através de nós”, Gottschlisch,
que é historiadora e tem mestrado em História pela PUC/SP, recupera grandes
acontecimentos, desde a imigração no Pós-Guerra, a ditadura militar, até a
pandemia de covid-19, sempre pela perspectiva das mulheres e como elas são
afetadas por essas dinâmicas. No entanto, como ressalta a escritora Tatiana
Lazzarotto, este é um livro que também lança luz sobre os diários privados,
“como a vergonha e o silêncio que permeiam muitas mulheres – em seus sonhos,
abusos, temores e rupturas. “Uma história que reflete as violências que perpetuamos
na criação de nossas meninas – e as possibilidades que as subvertem”, afirma,
na orelha da obra.
Gottschlisch começou a escrever
textos literários em 2019. “Sempre fui uma leitora ávida e escrevia
academicamente, mas com a pandemia, me animei a escrever um livro sobre minha
experiência com meu filho mais velho, que é atleta. Publiquei este texto como
e-book independente. Depois disso não parei mais de escrever. Participei de
várias coletâneas, revistas literárias, entrei para um coletivo de escritoras
e, por fim, ganhei o ProAC”, lembra.
Referências literárias da autora
são, em sua maioria, mulheres contemporâneas
Além de “Casa dos espíritos”, a
escritora aponta que todos os livros da francesa Annie Ernaux (Prêmio Nobel de
Literatura) publicados no Brasil influenciam diretamente a obra. “Eles têm a
mesma pegada intimista que tentei imprimir ao meu”, sinaliza. Entre suas
referências atuais, ela destaca as contemporâneas, como Aline Bei, Mariana
Salomão Carrara, Dia Nobre, Maria Valéria Rezende, Bernardine Evaristo,
Chimamanda Ngozie Adichie, Rosa Montero e Elena Ferrante. “Mas durante a minha
vida, li Simone de Beauvoir, bell hooks, Isabel Allende e Lygia Fagundes
Telles”, enumera.
A autora afirma que gosta de
escrever quando está sozinha, em silêncio, embora seja um desafio. “Este
cenário ideal é um pouco difícil sendo casada, com dois filhos e trabalhando
como professora. Depois que voltei a lecionar, não existe mais ritual nem meta,
então, escrevo nas brechas, sempre que consigo um tempo para mim”, salienta.
Atualmente, a escritora está focada
na publicação de “Através de Nós” e na finalização de um livro de contos
feministas, que será publicado em 2023, em outra editora.
Confira
um trecho do livro:
“Meu irmão faz uma linda homenagem,
eloquente e gentil. Enquanto ele fala, reparo na foto que escolheram para
enquadrar, sou eu no seu colo com meu irmão ao seu lado. Somos pequenos. Com
certeza não encontraram uma foto em que ela estivesse mais bonita sozinha. A
maternidade era seu habitat natural, onde ela se sentia realizada, o que ela
considerava que realmente fazia bem. Um pastor fala algumas palavras, bonitas.
Com certeza encomendadas pela minha avó. Duvido que minha mãe tenha se
preocupado em pedir isso. Ela tratava direto com Deus”. (p. 108)
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