por Divulgação__
Em busca de um propósito: em novo
livro, Dani Floresani expõe reconexão espiritual e artística em meio ao
processo de perda da mãe
“Meu caminho de volta para casa”, publicado pela Editora Paraquedas, retrata a trajetória
de Dani Floresani em busca da ressignificação espiritual
“Ter essa experiência com a minha
própria mãe não poderia ter sido mais
simbólico e mais precioso.
Ela foi meu infinito”.
Dani Floresani
Nas primeiras páginas de “Meu
caminho de volta para casa” (Editora Paraquedas, 184 p.), a protagonista
narra um episódio de grande angústia: seu corpo, acometido por uma dor
dilacerante, move-se dentro de um carro em alta velocidade. Aos poucos, o
leitor entende que este é o primeiro de três encontros da narradora com a
essência espiritual que ela chama de “Deus”.
Em seu primeiro livro, Dani
Floresani busca transformar em palavras essa busca por um propósito
espiritual, em uma jornada que se desenrola durante os últimos momentos com sua
mãe, acometida por uma doença grave. A escritora aborda a transformação
espiritual e a reconexão com a própria arte em meio ao processo de perda.
Uma aventura espiritual e a busca
de um propósito
A escritora Dani Floresani
conta neste livro também sua própria história. O relato começa quando a
narradora descobre que sua mãe, Stella Maris, é portadora de uma doença
incurável: a Esclerose Lateral Amiotrófica (E.L.A). A fim de aceitar a perda, a
filha parte em uma jornada em busca de Deus e de recursos emocionais para
auxiliar a mãe em sua última travessia. Assim, acompanhamos a protagonista se
mudar de São Paulo para o interior de Mato Grosso do Sul, a fim de ficar ao
lado da genitora. De volta à sua casa de infância, as duas mergulham em uma
jornada que ressignifica suas histórias de vida.
Ao mesmo tempo que relata as
burocracias demandadas pela doença, como a contratação de uma extensa equipe de
enfermagem e o gerenciamento da rotina de uma paciente terminal, a autora
passeia pelas próprias memórias, as “penduradas nas frestas, desde aquelas
mais vívidas, que já habitavam os álbuns de fotos, àquelas mais escondidas, que
insistiam em romper o pacto de invisibilidade firmado há tanto tempo”, como
descreve em trecho da obra.
"Nesse tempo que passei com
minha mãe, para auxiliá-la, ressignificamos nossa relação, em dias de
fortalecimento de vínculo, cumplicidade e proximidade. Quero passar a mensagem
de que, durante a convivência com ela, durante o progresso da doença, fiz a
opção de estar ao seu lado, para também proporcionar dias bons para minha mãe.
Esse foi um propósito", define a
autora.
Propósito este que se transforma na
escrita da obra “Meu caminho de volta para casa”. O relato se torna,
então, uma aventura espiritual, de transformação e ressignificação. A “casa” do
título ultrapassa o lar da família, uma vez que também simboliza a
casa-metafórica para a qual muitos desejam voltar. “Para mim, essa casa está
simbolizada no Sagrado, no amor incondicional, nessa essência divina e que se
relaciona com a busca de um propósito maior”, explica. A jornada por um
estado de conforto e de conexão é costurada por meio da prosa e também da
poesia, resultando em um romance híbrido. Os insights de quem convive com o
luto foram transformados em poemas e diálogos entre mãe e filha, sempre ao
pôr-do-sol, quando acompanhamos as mudanças que a fé moldou em suas vidas.
A autora explica que a escrita se
deu em etapas. “A primeira versão do livro foi escrita durante o processo da
doença de minha mãe e finalizada logo após sua passagem. Esse material foi usado como referência para a reescrita da
versão publicada”, detalha. Durante dois anos, Floresani mergulhou
nas lembranças e no processo do luto, quando pôde então reescrever a história
durante a pandemia de covid-19. “Comecei a escrever poesia em 2018,
portanto, o livro nasceu do desejo de compartilhar essa travessia de dor, amor
e fé”, define. Na obra, é possível acompanhar versos que atravessam a
narrativa linear – que discorre acerca de uma despedida gradual e iminente
entre uma filha e sua mãe – a fim de traduzir as angústias da protagonista.
Muito embora a obra não tenha o
intuito de discorrer sobre a doença, é possível acompanhar os impactos da
descoberta da Esclerose Lateral Amiotrófica na vida da família. A doença
neurodegenerativa, que acomete o sistema nervoso, causa uma paralisia motora
progressiva e não tem cura. Mas, para além da relação com a ELA, a obra
discorre como a protagonista, a partir da notícia da iminente perda, percorre
uma travessia interna para curar-se da própria história, para reconectar-se com
o seu fazer artístico que, aos poucos, entende-se que se transforma no próprio
livro.
O fazer literário na
ressignificação da dor e da perda
Depois do primeiro encontro com
Deus, no início do livro, a narradora passa ainda por mais duas experiências
como essa. A segunda acontece no meio da jornada, durante um retiro espiritual
na Índia. A terceira ocorre em um outro retiro, realizado em uma cidade
litorânea brasileira, pouco antes da partida de sua mãe. “Esses três encontros
marcam diferentes momentos ao longo dos dois anos de travessia da doença, justapondo
à dura realidade os inspirados e delicados descobrimentos”, ressalta Floresani.
Entremeadas nos relatos de viagem e
no avanço da doença da mãe, surgem perguntas que movem a humanidade há séculos:
quem é Deus? Como é possível acessar o sagrado? Como nos despedir de nossos
entes queridos? Em boa parte do livro, os leitores acompanham apenas perguntas.
De maneira genuína e sem respostas prontas, Floresani conduz o leitor a um
relato comovente e generoso sobre uma nova forma de enxergar a vida, a morte e
os renascimentos. “As histórias, muitas vezes, nos brindam com emoções
inconfessáveis, e nos dão a oportunidade de desaguar o que nossas palavras não
dão conta de dizer”, diz outro trecho da obra.
Influenciada por escritoras como Elizabeth
Gilbert, Elena Ferrante e Clarissa Pinkola Estés, a autora de “Meu
caminho de volta para casa” afirma que a ideia de escrever a obra foi
motivada pelo desejo de ressignificação da própria dor. “Meu intuito foi
transformar uma forte dor em uma experiência de aprendizado sobre o amor e fé”,
destaca. Por isso, o romance ultrapassa as barreiras do luto. “Busquei estar
conectada com um profundo amor por minha mãe e por Deus. Além de ser uma
jornada de reencontro com a sua essência e seu propósito de vida, o livro é uma
história de amor”, resume Floresani.