por Divulgação__
Maternidade.
Família. Amor entre mãe e filha. Saúde mental. Temas que fazem parte da vida da
paulista Sabrina Gottschlisch e que agora se transformam em objeto literário.
Contemplada no ProAC, edital cultural do estado de São Paulo, a escritora
lançou pela Editora Paraquedas o romance “Através de nós” (124 p.), uma saga
focada nas mulheres de uma mesma família.
No livro, a
história é rememorada por Matilda, que faz parte da quarta geração e que vive o
luto pela morte de sua mãe. No avião, durante a viagem para cumprir os ritos
fúnebres, a protagonista decide escrever a saga das mulheres que vieram antes
dela. “Uma história que não tem começo nem fim, que simplesmente segue
adiante, como todas nós seguimos. Grande parte dessa trama foi minha mãe quem
me contou ou deixou escrita em cartas e cadernos que fui encontrando ao longo
do tempo. Para ela, escrever era uma estratégia de sobrevivência”, diz um
dos trechos no início da obra, que conta com posfácio de Aline Bei e
orelha assinada por Tatiana Lazzarotto.
Sabrina
Gottschlisch é paulista de Santo André e mora há 16 anos em Jundiaí. É
feminista, historiadora, professora, mãe, participante de Clubes de Leitura e
Escrita, ama ler e escrever. Em 2020, lançou seu primeiro e-book, Mãe de
Atleta. No ano seguinte, teve um texto publicado na coletânea Cartas de uma
Pandemia (Editora Claraboia, 2021). No mesmo ano, teve textos selecionados no
Prêmio Off Flip nas categorias contos e crônicas, entre outras antologias. Em
2022, lançou seu romance juvenil Que Sorte a Minha, na Bienal do Livro de São
Paulo.
Já publicou em
diversas revistas literárias, como Cassandra e Contos de Samsara. Em 2021 foi
contemplada pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e
Economia Criativa do Estado de São Paulo – ProAC/SP, por meio do qual
lançou este romance, “Através de Nós”.
Confira a entrevista completa com a autora:
1 - Se você pudesse resumir os
temas centrais de “Através de Nós”, quais seriam?
Maternidade. Família. Amor entre
mãe e filha. Saúde mental. São temas que me cercam e fazem parte da minha vida
desde sempre.
2 - O que
motivou a escrita do livro? Como foi o processo de escrita?
O que me motivou
a escrever o livro foi contar a saga de partes da minha vida numa família de
mulheres, ficcionalizada, claro, inspirada pelo livro de Allende, que adoro. O
processo foi bem caótico. Fui escrevendo conforme as lembranças e histórias
vinham, e depois tive todo um trabalho de reescrita para organizar um pouco o
caos.
3 - Quais são
as suas principais influências literárias?
Para falar das contemporâneas, que é o que tenho lido mais atualmente, Aline Bei, Mariana Salomão Carrara, dia nobre, Maria Valéria Rezende, Bernardine Evaristo, Chimamanda Ngozie Adichie, Rosa Montero, Elena Ferrante, Annie Ernaux. Mas na vida toda, Simone de Beauvoir, bell hooks, Isabel Allende e Lygia Fagundes Telles.
4 - Que livros influenciaram
diretamente a obra?
Todos os livros de Annie Ernaux
publicados no Brasil, que têm a mesma pegada intimista que tentei imprimir ao
meu, e Casa dos Espíritos e Paula, de Isabel Allende, que acendeu
em mim a vontade de escrever um livro sobre uma família matriarcal, como a
minha.
5 - Escreve
desde quando? Como começou a escrever?
Escrevo desde
2019. Sempre fui uma leitora ávida e escrevia academicamente, tenho mestrado em
História pela PUC/SP. Com a pandemia, me animei a escrever um livro sobre minha
experiência com meu filho mais velho, que é atleta, que publiquei como e-book
independente. Após isso não parei mais de escrever. Participei de várias
coletâneas, revistas literárias, entrei para um coletivo de escritoras (Coletivo
Escreviventes) e por fim ganhei o ProAc.
6 - Como é o
seu processo de escrita?
Gosto de
escrever quando estou sozinha, no silêncio. O que é um pouco difícil, com dois
filhos e trabalhando como professora. Então escrevo nas brechas, sempre que
consigo um tempo pra mim.
7 - Você tem
algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?
Quando eu não trabalhava fora eu começava a escrever assim que acordava e só parava depois de ter escrito pelo menos 2 mil palavras. Depois que voltei a lecionar, não existe mais ritual nem meta, eu faço o que dá mesmo.
8 - Como foi a sua aproximação
com a editora Paraquedas? Como foi o processo de edição?
Eu conheci a editora quando tive
uma carta selecionada para fazer parte do livro Cartas de uma Pandemia,
de 2021. Quando me inscrevi no ProAc foi uma escolha natural, elas me aceitaram
e o trabalho de edição foi ótimo.
9 - Como você enxerga o mercado editorial para uma
escritora mulher independente? Quais são os principais desafios?
Apesar dos
avanços significativos que tivemos nos últimos tempos, em especial após a
pandemia, com um verdadeiro boom de mulheres escritoras, os desafios
infelizmente permanecem os mesmos: um mercado predominantemente masculino,
machista, branco e de elite. Além disso, hoje, antes mesmo de ver a qualidade
do seu texto, as editoras querem saber quantos seguidores a escritora tem nas
redes sociais, qual seu potencial de lucro, o que só aumenta e dificulta nosso
trabalho. Além de escritoras, temos que ser influenciadoras.
10 - Quais são
os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
Estou lançando
pela Editora Voz de Mulher o livro Eu Gostaria de Saber qual é a Sensação de
ser Livre, com vinte contos feministas que falam sobre temas caros a todas
as mulheres: violência, abusos, maternidade, maternidade solo, racismo,
gordofobia, machismo e misoginia, feminicídio, violência obstétrica,
sexualidade, entre outros. É uma literatura mais engajada, que combina muito
com a minha voz de historiadora que estuda o feminismo há mais de 20 anos,
desde o mestrado.