Túnel do Tempo, crônica de Valdocir Trevisan

 por Valdocir Trevisan__








Historiadores gostam e mudam a História. Como o mundo seria "se" a Alemanha vencesse a II Guerra Mundial? A monarquia sobreviveria "se" o rei Luis XVI não fosse decapitado?


Heloísa Miguel Starling escreveu no seu artigo "O historiador, esse perigo para tiranias", que a história se revela e se transforma, como na narrativa do romance "Não verás país nenhum", onde posições políticas dançam com todos os tipos de manipulações.


E aí amigos e amigas, surgem os túneis do tempo. Adoro seriados, desde os enlatados das décadas 1960, 1970 e 1980 até às incríveis jornadas na Netflix. A temática das idas e vindas do tempo sempre estão representadas. Atualmente  a série Outlander talvez seja a mais curtida, entretanto nunca esqueci da famosa  "O Túnel do Tempo",  transmitida no final dos anos de 1960.  Diversão com tópicos históricos para lembrar que a história é uma trapaça.  E o melhor é não nos arrependermos das coisas que fizemos ou que não fizemos.


Como José Saramago disse certa vez: "é bem verdade que nem a juventude sabe o que pode nem a velhice pode o que sabe".


 É o tempo revelando suas garras. 


Li, não lembro onde, uma definição sensacional do que significa "ano", trata-se de uma medição temporal que diminui a cada...ano...


Tempo, ah, o tempo e o vento...


Mesmo aquele passado que queremos extirpar de nossas mentes, aquelas desgraças que insistem em dar seus pitacos no presente. Os túneis do tempo. Onde ecos ressoam em vozes e imagens telepáticas. Ecos de noites funestas e dos dias mais longos da história. O soldado Ryan conheceu esses dias macabros. E não quero falar apenas das coisas que aprendi nos discos, quero rever conceitos e transformar meu imaginário. 


Zé Ramalho já cantava sobre um tempo que o tempo não esquece, e se hoje temos mega lojas com todo tipo de produtos e alimentos, há 10.000 mil anos atrás, grupos aprendiam a viver em aldeias.


Na minha série  preferida, dois cientistas estão perdidos em um projeto que não deu certo.. Eles vagam por épocas e processos históricos. Viagens entre a realidade e a ficção, embora geralmente o roteiro respeite os fatos. 


Lembrei de um texto com o título "A ficção é que faz da realidade algo superficial "... Genial não é mesmo?


Afinal, quem garante o que é a verdade ou ficção?


Os dois cientistas se veem em situações dramáticas, às vezes estão no meio de guerras mundiais, ou nas Muralhas de Jericó  conversando com José, o Guerreiro Profeta. 


Eles já estiveram no Titanic e Pearl Harbor enfrentando perigos reais ou surreais e não podem interferir na história.


Imagine você dentro do cavalo de Tróia. 


Imagine você  atravessando o Mar Vermelho. 


Imagine você vivendo em um lugar onde todas as pessoas "living for today". Sim, imagine todas as pessoas vivendo em paz.


E para não dizer que só falei das armas, falo  agora das flores vencendo os canhões. Visualizo ilusões reais misturada com minha maluquez nos túneis das milagrosas ficções.






Valdocir Trevisan
 é gaúcho, gremista e jornalista. Autor do livro de crônicas Violências Culturais (Editora Memorabilia, 2022) Para acessar seu blog: clica aqui