por Divulgação/Livros por Lívia__
Em versão bilíngue portugues-árabe, o livro apresenta a experiência do autor Vitor Graize em comunidade nas montanhas libanesas
Recebido pelos primos em uma pequena vila no Líbano, o produtor de cinema Vitor Graize ("Os Primeiros Soldados”, "Arábia") registrou a viagem em uma série de fotografias e em um diário que agora podem ser vistos no livro “Vir de Tão Longe", que está em pré-venda online e será lançado no dia 25 de abril. Nele, o autor capta o cotidiano de uma comunidade das montanhas libanesas e também as crises políticas, problemas econômicos e os efeitos sociais causados pela guerra civil na vizinha Síria.
Bisneto de um imigrante libanês, o autor apresenta esta experiência única por meio de 59 fotografias, um texto de não-ficção em versão bilíngue português-árabe, e arquivos familiares, como documentos e retratos antigos.Estes materiais permitem conhecer um pouco mais sobre um Líbano pouco explorado, sobre a emigração libanesa para o Brasil e os diálogos estabelecidos entre estas duas culturas. Afinal, o Brasil tem hoje o que é considerada a maior comunidade de libaneses e descendentes fora do Líbano.
As imagens que compõem o livro foram produzidas em película fotográfica de 35mm e 120mm, em preto e branco, e retratam momentos de intimidade na comunidade drusa, um grupo étnico religioso bastante fechado que ocupa a região do Monte Líbano.
"Ao fotografar buscava retratar situações do dia a dia, da família e do trabalho, e tinha como principal preocupação não incorrer em uma representação estereotipada do mundo árabe. Há, por exemplo, poucas referências, nas imagens, à destruição, ainda muito presente, causada pela guerra civil libanesa”, diz o autor citando o conflito ocorrido entre 1975 e 1990 que deixou inúmeras sequelas no país.
A obra é atravessada por um texto de não-ficção, escrito por Graize durante sua primeira viagem, em 2013, e traduzido para o árabe pela fotógrafa e tradutora síria Yara Osman.A escrita surgiu naturalmente como uma forma de documentar a viagem e transmitir suas impressões para a família no Brasil, já que muitos dos parentes nunca haviam visitado o país. Os textos eram publicados quase diariamente em um blog criado pelo autor, formato que dialogava com as cartas por meio das quais seu bisavô, Amin, manteve contato com a família durante os mais de 70 anos em que viveu no Brasil sem regressar ao Líbano.
“Para escrever adotei o estilo de diário de viagem.Buscava narrar o cotidiano nas montanhas, motivado pelos encontros pessoais e pelas pequenas descobertas do estilo de vida e da cultura local. Escrevia para contar os episódios da viagem à família no Brasil e para me lembrar como aquele reencontro com uma história ancestral ecoava em mim”, conta Graize.
A ideia de reunir estes materiais em livro surgiu depois, por ser o suporte ideal para dar conta desta diversidade de linguagens. “A publicação possibilita uma experiência sensorial que aproxima o público da materialidade dos documentos e, de certa forma, ele pode participar deste processo de descoberta de uma origem”, completa.
O projeto artístico é do coletivo editorial Borda e tem como principais características a adequação do formato às imagens e textos e o respeito aos dois sentidos de leitura, o que utilizamos em português, da esquerda para a direita, e o utilizado no árabe, que parte da direita em direção à esquerda. A consultoria e orientação artística são de Raquel Garbelotti, artista visual.
Experiência única
Em suas duas viagens, em 2013 e 2015, Vitor Graize foi recebido pelos seus familiares na região do Monte Líbano, em Btater, vila natal de seu bisavô, que emigrou para o Brasil no início do século XX. Na região, ele fotografou o cotidiano da família e da comunidade drusa local.
Os drusos formam um grupo étnico religioso árabe e se autodenominam “unitaristas". O drusismo surgiu no século XI, no Egito,e hoje existem cerca de 1,5 milhão de drusos em todo o mundo, a maioria vivendo no Oriente Médio, em países como o Líbano, Síria, Turquia, Jordânia, Palestina e Israel. Uma de suas principais características é não aceitar a conversão de novos iniciados, sendo, portanto, uma comunidade muito fechada.
"Tive a chance de viver o dia a dia como uma pessoa local, com a minha família, o que me permitiu um acesso privilegiado à intimidade e aos costumes. Em uma pequena comunidade de características rurais, encravada nas montanhas, em que não há nenhuma frequência de turismo de pessoas ocidentais, isso é bastante raro", explica.
Lançamento
O fotolivro será lançado no dia 25 de abril, em Vitória, na Mosaico Fotogaleria. O lançamento será acompanhado de uma exposição fotográfica com aproximadamente 10 imagens ampliadas, além de objetos e documentos, como rascunhos e testes de impressão, que mostram um pouco do processo de desenvolvimento do projeto. A exposição ficará em exibição até o dia 13 de maio.
A publicação tem apoio da Secretaria da Cultura do Espírito Santo, por meio do edital Projetos Setoriais de Artes Visuais, e foi realizado com recursos do Funcultura.
O livro está em pré-venda pelo link https://bordaeditorial.
Sobre a editora
Responsável por todo o projeto artístico do livro, o coletivo Borda Editorial cria publicações que exploram as fronteiras entre texto e imagem. É composto pelos designers Felipe Gomes, Werllen Castro e Victoria Pianca e estreou em 2020, com o lançamento de uma edição do Diário do Hospício, de Lima Barreto, ilustrado pelo artista capixaba Luciano Feijão.
Ficha técnica
Título: Vir de tão longe
Autor: Vitor Graize
Editora: Borda
Páginas: 208 páginas
Valor: R$ 70,00