Diz que fui por ai... | crônica de Carlos Monteiro

 por Carlos Monteiro__






Foto: Carlos Monteiro



Peguei a câmera e fui ‘pelaí’ com ela, debaixo do braço, pedindo a Maria da Graça, a São Francisco Xavier, a São Cristóvão, a São Conrado, a Santa Teresa, a N.S. do bairro de Fátima, N.S. da praça do Carmo, N.S. de Copacabana, a Guadalupe, a N.S. da Penha, a Todos os Santos e ao Santíssimo Santo Cristo, aos pés da Santa Cruz: tenham Piedade dos cariocas, nos deem a Glória de uma Cidade melhor! 


Pedi à Providência para construirmos um Castelo, um Maracanã de felicidade! Que não deixem de olhar pelos ‘inocentes do Leblon’ e perdoem seus pecados. 


Pedi que nos deem Saúde. Nos deem Colégio! Quero sentar-me no banco do Jardim Botânico, em meio ao Campo Grande. Quero que no Alto da Boavista haja sempre uma Vista Alegre junto ao Recanto das Palmeiras, onde o Mato Alto apare a brisa. 


Quero pegar frutos no Horto; das Laranjeiras, da Mangueira, das Pitangueiras, do Bananal ou comer um Caju Silvestre e Amarelinho, ao lado de um Rio Comprido, um Rio das Pedras brilhantes. Quero nadar numa Lagoa junto ao Tanque. Ouvir o som do vento passando pela Taquara. Olhar para o céu Anil, quase uma Gardênia Azul e pedir ao Cosmos uma luz divina, uma Usina que Irajá mudar os rumos desse pedaço de Brasil Encantado, o tal “Almoxarifado de Deus”. 


Quero construir uma cidade com Pilares fincados. Não quero a Rocha retirada da Pedreira, com tijolos da Olaria da esquina. Quero-a plena, inteira, revigorada. 


Pedi ao Padre Miguel, ao padre Anchieta, ao Bento Ribeiro e ao Vigário Geral para espargir Água Santa, da Fonte da Saudade, na Cidade Maravilhosa. Limpá-la com Ramos sagrados, fazer uma Triagem, uma Muda, porque o carioca não Botafogo; bota fé! Quero torcer pelo Flamengo, pela Portuguesa, pelo Bangu, e pelo Vasco da Gama. 


Não aguento mais políticos Cascadura, não tenho Paciência para aturá-los, porque aqui, quem é de Benfica. Aqui o Zumbi é de Palmares. 

Quero saber; qual a Cordovil metal para elevar essa cidade? Para que lado devo apontar o Leme, para que Pontal. 

Pedi uma Pechincha diante da imensidão que é o Rio. Ajuda-me, ó Coelho, pai, filho e Neto, Engenheiro Leal e desleal, Cosme Velho e novo, na lida ou no Lido porque eu quero Andaraí, aqui e acolá com paz e tranquilidade. Que a vida no Rio de Janeiro, seja um eterno Recreio. Uma Cidade de Deus. Que eu tenha Bonsucesso Paratodos! 

Que sejamos, cariocas ou agregados, abençoados pelo Redentor e acolhidos em seus braços abertos sobre a Guanabara e se perguntarem por mim? Fui, com a essência de Melodia, fazer mais uma foto porque o Rio me dá motivo, amém!




Diz que fui por ai... 



 
 




Carlos Monteiro  é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.