por Clarisse
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Foto: Iarm Rmah |
24/12/2022 às 02:25
Hoje chorei relendo Ryane
Lembrei das vezes que li e reli
E entendi e lembrei
Que sou uma reza bonita
Que tem dias que a gente abre a porta
e deixa a dor entrar
Pra acordar aliviada na manhã seguinte
– Minha mãe me ensinou a datar escritos
Não tem jeito
Elas seguem sussurrando
Por mais que eu deixe de ouvir
Elas não saem, não somem, não esquecem
As vozes me guiam faz tempo
Nem lembro quando começou
As Deusas encontram, abraçam
Fazem acreditar que pertenço a espaços que não são meus (ou são?)
Elas chamam e eu vou
Abro os olhos e vejo
"Por onde tu andava, menina?"
Caçoei
"Tava enterrada no buraco que cavei"
Aquele que assusta
Vez por outra tropeço e volto a amargar
Encontro a tristeza e ela me mostra que também sou grande de um jeito que dói
Esqueço que sou luz, fio condutor
Que acende à mãos dadas
E sente
Tanto que dá medo de fechar os olhos e entregar o peito aberto
O que acontece se eu deixar soltar todas essas borboletas que deixaram de caber só no estômago?
O que elas dizem?
Eu só vou
Esquecendo que não as ouço com ouvidos
Não sei que relação tenho com as Deusas
E agora também não sei se me importa que tipo de relação eu tenho
As coisas não precisam ter nomes o tempo todo
Preciso largar mão da segurança e mergulhar no fogo
Ser água que corre entre pedras
Esquecer o sentido das coisas
Clarisse é pedagoga em formação pela Universidade Estadual do Ceará, pós graduanda em Psicopedagogia e estudante das Tecnologias Educacionais. Além disso, também explora o mundo da arte, explorando e produzindo fotografia desde 2018. A poesia a encontra desde que se entende por gente. Ela também é uma terapeuta holística apaixonada pelas causas sociais e pela literatura infantil. Curiosa por natureza, sempre gosta de explorar novos espaços e relações.