por Carlos Monteiro__
Você, meu caríssimo leitor, assim como eu, é apaixonado pelo Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa da beleza e, algumas vezes, precisamos concordar com a Fernanda e com o Fausto; é purgatório do caos. Bebo na fonte de Nelson Pereira dos Santos, em um Rio de 40º à sombra, nos personagens encantadores, nos cenários paradisíacos e nos olhos de Zé Keti, a voz do morro, sim senhor.
O samba natural do Rio, da alegria, do gingado e da Tia Ciata ─ bênção madrinha ─, a cidade que pulsa e, no impulso, se descortina para as câmeras como musa, como modelo, como protagonista que é. O rio é fotogênico, o Rio é instagramável.
Qual cidade do mundo você se banha nas águas límpidas de Ipanema, coladinho às românticas ‘Dunas da Gal’, iluminadas por um sol de quase dezembro, e retira os cristais de sal, que teimaram eu dourar seu corpo, na próxima curva da Dona Castorina, no Silvestre ou na Paineiras? Talvez na Fortaleza de José de Alencar onde “a virgem dos lábios de mel” se banhava em seu litoral e tirava o sal na Bica do Ipu. Lenda urbana utópica, pois ‘Cazuza’ jamais escreveu tal sacrilégio em Iracema.
A cidade das moças coloridas pelo sol, da Portela e do Manto Sagrado rubro-negro, do aplauso ao pôr do sol, das noites enluaradas. Dos braços e abraços, abertos sempre sobre e na Guanabara. É o Rio ‘mermão’, é de copo e de cruz, é de bênção, de aleluia, de saravá e muito axé.
Fotografável, instagramável, redes sociais, insuperável em tanta beleza que ‘arrombam as retinas’ e os diafragmas. Brilha nas telas-celulares, sempre ao alcance das mãos e sutis toques de dedos, nas mais leves e incríveis selfies em que o plano de fundo invariavelmente protagoniza a cena.
Vai ‘mermão’, pega esse avião de encantamento, olha o sol no firmamento, batuca um samba e dá um gole para o santo, ‘ritmiza’ na palma da mão aquele ponto p’ro Seu Zé e p’ra Navalha, bem debaixo dos Arcos da Lapa. Voa pelo circo com mais uma do Caê e já é hora de olhar para cima e ver a cor que o Redentor ostenta esta noite.
E noite adentro vai, maravilhosamente envolvente encimada pela lua de São Jorge, Ogum e Oxóssi em suas matas; padroeiros, inspiração ecumênica.
A cidade que, em ângulos controversos se tornam versos da poesia mais iluminada.
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.