por Divulgação__
A lua fantasma, novo livro de Marcio Markendorf, é uma coletânea de contos com personagens gays vivendo diferentes dramas pessoais em cenários e experiências que evocam os anos 1990. A obra, publicada pela editora Hecatombe, integra a Coleção Pajubá, dedicada às autorias LGBTQIAPN+ do cenário contemporâneo.
Esse projeto ficcional tem como leitmotiv a representação de sujeitos gays que enfrentam seus horrores íntimos – vistos como espectros invocados das memórias de fundo, das marcas no corpo e do território simbólico dos sonhos. Há, ao longo da obra, uma profusão de imagens de animais, responsável por conferir um aspecto fabular às narrativas que, ao contrário da tradição desse gênero literário, abriga um sentimento realista e ambíguo de delicadeza e crueldade.
Além disso, as narrativas reunidas na coletânea foram pensadas ao modo de um romance-móbile, termo emprestado de Caio Fernando Abreu e extraído de Os dragões não conhecem o paraíso. Por meio de tal estratégia de composição da coletânea, os contos mantêm-se unidos por uma haste comum – subjetividades gays fraturadas e resilientes – cuja estrutura aponta para peças diferentes de um mesmo jogo oscilante de desejo, de afeto, de busca e de aprendizado.
O livro de Marcio Markendorf apresenta ao leitor nove narrativas, permeadas de uma linguagem poética bastante visual, quase cinematográfica, técnica também presente nos escritos de Caio F. Sublinhando tal aspecto, o crítico e escritor Caio Augusto Leite argumenta que o conjunto de contos do autor catarinense “é como aquelas antigas locadoras, com seus variados gêneros de filmes num só espaço”, pois “temos o documentário da vida selvagem, o terror com lobisomens, o suspense, a tragédia romântica”. A lua fantasma apresenta ao leitor “diversos dilemas para demonstrar que mesmo entre iguais nada é igual”, arremata Leite.