por Carlos Monteiro__
Sol de verão ou da ‘prima vera’?
Vem chegando o verão. Ao que tudo indica, neste ano tão atípico, ‘bypassará’ a ‘prima vera’, chegará-chegando mais caliente do que nunca.
Às 5h30 de quarta-feira (13), por exemplo, os termômetros já andavam pela casa dos 24°C. Tudo anda meio esquisito, tudo anda meio soturno neste 2023, o ano que parece não estar existindo de tão veloz. A natureza ‘berrando’, a plenos pulmões, “socorro”! Catástrofes e mais catástrofes e que faz o homem? Nada, absolutamente nada...
Sol a pino, calor a toda, sinônimo de que, mais uma vez, haverá praias cheias, falta de respeito, insensatez, descumprimento de regras...
Em 1987 o verão foi ‘da lata’, este parece que será do vira-lata.
A pergunta é sempre a mesma: “O que será que andam tramando nas alcovas contra a cidade? O que será que andam combinando no breu das tocas, na calada da noite, aglomerados inocentemente no Leblon, falando alto pelos botecos”?
Que será que anda nas cabeças, anda nas bocas para vilipendiarem com tanto prazer o Planeta? Desmatarem tanto, maltratarem tanto...
Será, que será, que está na natureza? No balé das fragatas que, hoje mais do que nunca – até elas – se aglomeraram na apresentação sobre a Guanabara, cheias de açúcar e afeto.
Será que neste verão vindouro? Continuaremos a ver “... o que não tem certeza nem nunca terá, que não há governo nem nunca terá, que não tem vergonha nem nunca terá, que não tem juízo”?
O que virá, o que verão seus cidadãos?
Rogarão ao Padre Eterno que, encimando o Corcovado, abençoa o Rio?
“...E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá / Olhando aquele inferno vai abençoar / O que não tem governo nem nunca terá / O que não tem vergonha nem nunca terá / O que não tem juízo O que não tem medida, nem nunca terá...”
O que não tem remédio, nem nunca terá? Não! A Terra, que nunca foi plana, tem remédio sim.
Porque caetanando “...Onde queres revólver, sou coqueiro / E onde queres dinheiro, sou paixão / Onde queres descanso, sou desejo / E onde sou só desejo, queres não...”
Ah, bruta flor do querer! Ah, bruta flor, bruta flor! Vivemos quereres.
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.