por Geilson__
Foto de Daniel Morris na Unsplash |
Tão impulsivo quanto a coragem
De quem necessita
Chuva que pra escrever me incita
Mas goteja no papel e me irrita
Filme em vídeo k7 mas não foi
Eu que botei a peste dessa fita
Vida pobre gravação antiga
Teto de peneira compõe uma cantiga
Aponta a espada de madeira
Ou põe na caneta tinta
Faça intriga faca briga
Desigualdade que muito me instiga
A fome mastiga a barriga
Essa fome tem vontade
Me faz querer engolir o mundo inteiro de repente
Agir com sagacidade
Por que sei não taparia nem o buraco do dente
Acredite, sua vida é arte
Algo muito mais que iminente
A audácia que levo na lata
Para que tirem a mordaça da boca
Ultrapassa o grampo na estaca
E o farpado que vira forca
Então força pra que saia do fosso
Dando a prova de um gosto
Insípido para esse planeta insosso
Instinto se aprende antes de nascer
Para você ver, sobreviver é algo tosco
espiral não inspira
alucina quando hipnotiza
mexa os olhos não mova o pescoço
agora fixa e frisa no relógio de bolso
tudo normal dia correndo como louco
já é 14 horas volto para o trampo
arrotando almoço
para continuar em pé tem que estar firme no apoio
para continuar rodando tem que ser atravessado pelo eixo
entre ser rebanho, ou entoar aboio
escolho a revolta e a interrogação que cai do queixo
*
florescemos cedo e corremos jovens
deflorando as fronteiras dos limites
esperança em ganância se dissolve
o refluxo da cólera é igual dinamite
antipsicótico pra um psicopata
deu um sorriso maligno e na
dentição serrada acende o último
palito de fósforo, executou um plano
indigno de ócio, indignado de ódio
trevo de três folhas, seu azar próspero
fraternidade com quem se vinga
a fumaça chupou seu rosto
afiou os dentes com a própria língua
despertou meio que disposto
meio cheio, mas era cedo ainda
será o oposto? pede um bom corre
e viva! na perna uma íngua
é o troco de um terço de fé
sem obra que não vinga
desconforto gigantesco como
um cisco no olho que cisma
de não sair com um sopro
nem refrescou o clima
sina que as carne corrói
escrevo quando dói
dói quando não escrevo
acostumei com a cicatriz
em relevo, releio o passado
e vejo que a secreção e o pus
pintaram o que compus e
ilustraram o que versejo
não sei se pelo o peito seco
ou pelo bucho quebrado sempre
somos alvos, por morar onde
sempre morávamos os
de cor, amestiçados
uma ameaça pelo andado
textura desbotada
bicho desbocado
pelagem raspada
Tatuagens com suas ideologias
filosofias na derme cravada
boné mal botado
com a camisa no ombro
seguia com a mente fatigada
redenção na sua intrínseca anistia
parte desse roteiro ele não mais
faria e falou tá falado essa parada
porta atrás de um portão
algo se torce na escuridão
mas não se entorta no furacão
fincado no olho do caos
pimenta se faz de halls
descendo na contramão
não capota o motor
o ator na rota
roda a dor
e arrota flor
a mão coçou
o dia se passou
o calo sangrou
o calor suou
dinheiro caiu
quem não reparou
no bolso escorre o
salário líquido
sem preço a morte
não, tem o seu
valor ínfimo
meu nome é geilson, tenho 21 anos, faço poesia marginal . cresci na favela, sai do urbano e fui morar no interior, viver outro tipo de realidade, mas é a mesma senzala.sempre fui um sujeito marginalizado, nesses dois meios, e a arte vem pra quebrar esses paradigmas, todos temos algo a mais.