por Cristiana Borstelmann de Oliveira Santos___
NASCI NUMA FAMÍLIA LIGADA AS ARTES! A arte de representar, de subir ao palco para viver outras vidas! Meus avós e tios foram fundadores do TAP – Teatro de Amadores de Pernambuco. Quando nasci, em 1963, o TAP já tinha 22 anos de atividades e já havia conquistado a admiração e o respeito de um público cativo em todo Brasil. Fui crescendo e nos encontros de família, sempre tinha alguma apresentação, esquete, jogral...
Minha avó, Diná de Oliveira, de vez em quando, aparecia fantasiada, representando algum personagem, criando uma história divertida. Lembro da comemoração dos 70 anos de meu avô, Waldemar de Oliveira, uma grande festa, na granja, onde foi construído um pequeno palco, para representações. Neste dia conheci muitos dos companheiros do TAP, percebi que o grupo era uma grande família!
Muitas recordações, memórias que não se apagam e que me trazem até o cheiro das coxias, dos camarins e do frio na barriga nos momentos antes de entrar em cena. Tive o privilégio de ser dirigida por Waldemar, atuar junto à Diná, Geninha, Vicentina, Vanda e tantos outros. Tive uma convivência intensa com o TAP até os meus 15 anos.
Hoje, responsável pelo inestimável acervo do TAP e como pesquisadora sobre a história do grupo, percebo a dimensão do trabalho de meu avô Waldemar e da família TAP, tão dedicada à causa, verdadeiros especialistas na arte de fazer teatro em benefício do próximo, pois o TAP é uma associação sem fins lucrativos. Eu não tinha noção da importância do TAP para a história do Teatro de Pernambuco e do Brasil. Hoje sei, através de muita leitura de matérias de jornais da época, que o grupo serviu de exemplo e estímulo para o surgimento de muitos outros grupos teatrais.
Vejo agora que o TAP não surgiu do nada, e sim, foi fruto de muito trabalho, de muitas vivências, de muitas ações dedicadas à arte do fazer Teatro, bem antes de sua fundação oficial, em 1941. Muitas vezes, me pego voltando no tempo, a mais de 100 anos atrás, e vejo Waldemar criança, em cima do palco do Colégio Prytaneu (rodeado por suas mães e pelo pai), onde viu as primeiras apresentações teatrais. Ou, na adolescência, com seu pai, assistindo Revistas e Operetas, frequentando os palcos do Recife de sua época. Com certeza, toda essa vivência, deu a ele, um vasto conhecimento e um olhar crítico, tanto que aos 19 anos, quando estudava Medicina na Bahia, escreveu seu primeiro texto para teatro.
Também nesta mesma época, escreveu as primeiras linhas, como crítico de arte. Mas o fator determinante para o surgimento do TAP foi a relação entre Waldemar e Samuel Campelo. Em meados dos anos 20, quando se conheceram, começaram uma parceria profícua para produção tanto de Revistas (Sae, Cartola e Rapa-Coco) como de Operetas (Aves de Arribação, A Rosa Vermelha e A Madrinha dos Cadetes). E não deixaram mais de estarem próximos na produção musical e nos projetos, tanto que, quando Samuel decidiu fundar o Grupo Gente Nossa em 1931, Waldemar atuou como Diretor Artístico do grupo. E quando Samuel faleceu em 1939, Waldemar assumiu o cargo de Diretor do Teatro Santa Isabel que ele ocupara, permanecendo até 1951. Durante sua gestão, Waldemar começou a escrever operetas para o teatro infantil, cujos personagens foram interpretados por crianças, que subiam ao palco pela primeira vez. O intuito de Waldemar era o de preparar as futuras gerações de atores e atrizes, assim como, formar um público amante do teatro.
Diante de tudo isso, vivendo o teatro desde cedo, Waldemar encarou com responsabilidade e amor a arte de representar, soube aproveitar as oportunidades, agregou pessoas e quebrou paradigmas, como levar senhoras e crianças ao palco. Waldemar fundou o TAP – TEATRO DE AMADORES DE PERNAMBUCO, em 04 de abril de 1941, inicialmente como um grupo autônomo do Grupo Gente Nossa, e assim formou um alicerce seguro para que o TAP existisse por tantos anos. Em 2021 o TAP fez 80 anos de existência. O TAP distribuiu recursos e outros benefícios às diversas entidades por onde passou, em suas excursões por esse Brasil afora, mas principalmente para Pernambuco. Viva o TAP e todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a sua história!
O objetivo do projeto VÍDEOTAP é contar essa história de forma leve, com o intuito de deixar registrado na memória a história do TAP marcada por conquistas, exemplos e vitórias.
CRISTIANA BORSTELMANN DE OLIVEIRA SANTOS - ARTISTA PLÁSTICA E NETA DE VALDEMAR E DINÁ
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