por Anthony Almeida___
— Boa noite, cabra macho! Eita que beleza, tu levou um bocado de umbu, num foi? — Foi, tão tudo aqui na mochila. — Mas eu quero que tu venha de novo, daqui pro fim do mês, pra ir buscar umbu mais eu. A gente vai lá no setor onde eu pego umbu, que eu quero ir mais você. Que você, quando era pequenininho, saía pro mato mais eu, ia até chupando chupeta, pra gente ir pegar tanajura e caçar rolinha, tomava até banho de açude, tu lembra? — Lembro demais! — Agora eu quero que você teja aqui, antes do fim do mês, pra nós ir buscar umbu, aqui bem pertinho. Eu quero ver você aqui mais eu. Crie coragem e venha simbora, pra nós pegar mais esses umbu! — Oxe, bora simbora, é claro que eu vou.
Mal, Caruaru deixa de ser a paisagem da janela, eu já começo a planejar a minha volta. Ainda não sei quando será, mas vai ser antes do fim do mês.
— BR-232. Abril, 2024.
Anthony Almeida nasceu em 1989, em Caruaru/PE. É cronista, geógrafo, professor e editor-adjunto da RUBEM – Revista da Crônica. Atualmente desenvolve pesquisa de doutorado em Geografia Literária na UFPE, campus Recife, sobre o tema ‘Geograficidades do mundo vivido-escrito na crônica brasileira’. Escreve para a Revista Mirada. Saiba mais em: https://linktr.ee/anthonypaalmeida