por Divulgação___
Depois dessa descoberta e de um “Grande Surto” em que uma horda de pessoas decide tirar a própria vida através do uso da droga, o governo regulamenta o uso do narcótico (ou da ciência, dependendo do ponto de vista). Diante dos impactos disso na sociedade, o livro retrata também como a nova morte impacta diferentemente as diversas classes sociais, abrindo espaço para questionamentos. Como o governo escolhia quem a merecia ou não? Quem eles estavam tentando matar mais rápido? Por que um prédio de atendimento nunca era visto em bairros mais nobres?
Em seu enredo, o autor traz o casal Luzia e Tânia que, após serem diagnosticadas com um câncer terminal, decidem interromper o tratamento e se candidatarem ao uso da droga. A obra acompanha o impacto da decisão em seus familiares, principalmente, em Antônio, o irmão mais velho que trabalha justamente na empresa estatal que recebe e regula os pedidos de eutanásia.
Michael formou-se em jornalismo em 2014 pela Universidade Federal de Viçosa e se pós-graduou em Marketing Digital pela PUC. Porém, após trabalhar na área e sentir certa insatisfação, resolveu aceitar a proposta do pai de administrar os negócios da família: supermercados, ramo em que trabalha desde 2018.
1 - Por que você escolheu a morte e o luto como principais temas da sua obra?
Em uma viagem intermunicipal estava ouvindo música e imaginei a história de duas pessoas tendo experiências individuais antes de morrer. Pensei que a história poderia ser sobre um casal após tomar uma substância alucinógena, e essa uma experiência boa antes da morte. Eu iria descrever as duas experiências diferentes uma da outra, mas com um mesmo final, o casal morrendo junto. Então pensei: por que não criar uma história onde uma sociedade convive com a existência de uma droga que permite uma morte feliz? Eu sempre tive medo de morrer e confesso que isso até me deu mais curiosidade em criar esta história, porém para descrever uma sociedade precisei estudar temas de sociologia para que o assunto não fugisse muito ou que eu não criasse algo tão inimaginável.
2 - O que motivou a escrita do livro? Como foi o processo e quanto tempo levou para escrever?
Antes do processo de escrita eu criei duas fichas para as personagens principais, Luzia e Antônio, e logo depois criei um roteiro da narrativa contendo o que eu precisava apresentar em cada capítulo. Iniciei a escrita em janeiro de 2023 e terminei em maio do mesmo ano.
3 - Por que você escolheu o gênero adotado?
Sempre gostei de fantasia e temas relacionados com a sociedade, após me aprofundar um pouco nas obras do Saramago me peguei apaixonado por histórias que se passam em mundos diferentes do nosso, mas focadas em contar as relações humanas construídas.
4 - Existe alguma obra ou obras que ajudaram na construção da narrativa?
Dois livros me ajudaram a criar a ideia como um livro de distopia, “1984” do George Orwell por se tratar de uma sociedade em um governo totalitário e “As Intermitências da Morte” de José Saramago, livro que me tocou muito, tanto que o reli em menos de um ano. É incrível como o Saramago desenvolvia uma escrita, um ensaio, com apenas um “e se?”.
5 - O que esse livro representa para você? Acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma?
Durante o processo de escrita, passando pelo processo de luto, eu tentava ao máximo identificar de onde vinha minha frustração e melancolia, até perceber que certos momentos eu virava o Antônio, personagem do livro. Terminei fazendo do livro como um processo de cura.
6 - Quais são os seus projetos atuais? O que vem por aí?
Quero trabalhar em um livro de terror-comédia com personagens LGBTs, brincar um pouco com temas da comunidade, puxar um pouco de nostalgia das músicas e vivências dos anos 2010-2015. Por enquanto estou apenas com a ideia e algumas abas em aberto para as pesquisas, parte que eu mais gostei de fazer durante o processo do Entre a Vida e a Morte, Há Vários Documentos.